Caramelos na freguesia
da Moita. 1775-1850.
Introdução
O último quartel do século XIX potenciou e intensificou um
movimento demográfico que não mais parou. É caracterizado pelo aumento
sistemático da população da vila e do próprio concelho por pessoas de
diferentes origens. Implica que a população moitense seja maioritariamente
composta por forasteiros que por sua vez implica que não é possível falar de
cultura moitense ou então que a cultura moitense é uma miscelânea de muitas e
diversas culturas. Era uma população profissionalmente diversificada onde
predominam os marítimos e actividades relacionadas, assim como trabalhadores,
jornaleiros, operários, artesãos, mas serão os comerciantes e proprietários que
assumirão o controlo político e económico do concelho, como o caso das famílias
Chaves ou Emaus, por exemplo.
Para a Moita veio gente de todos os cantos do país, desde
logo de Lisboa e das localidades vizinhas mas também do Ribatejo, Alentejo,
Algarve, Minho, Trás-os-Montes, Beiras, Galiza e outras províncias de Espanha,
ou de outros países como Brasil, Itália ou Irlanda.
Significativo é o número de ilhéus, sobretudo das diversas
ilhas dos Açores mas também da Madeira.
Outro grupo importante eram os homens pretos. As principais
pessoas no final do século XVIII princípios do XIX possuíam escravos. E
(sabe-se lá porquê) também existem homens pardos e mulheres pardas.
Também vive na Moita uma família cigana que o pároco regista
depois do nome como o Sigano, e era proprietário de uma taberna.
Esta diversidade advêm do facto da Moita ser uma das vias de
acesso ao sul do país, e, evidentemente, o inverso. A sua importância
geográfica estava no auge. Era local de passagem de muitas gente incluindo
estrangeiros e toda a vida económica da vila girava em torno do cais de embarque.
O século XIX vai matar e enterrar essa importância, esta economia estava
condenada até pela própria evolução científica, (por exemplo; a Companhia dos
Carregadores dos Homens do Cais chegou e empregar algumas dezenas de carregadores,
chegou o guindaste mecânico, dois ou três fazem o trabalho, chegou o guindaste
elétrico, um chega e sobra. O transporte que era feito para o barco, às costas
por vários homens, agora carrega-se num botão), a Moita será terra de
agricultores. Os proprietários agrícolas serão em maior número, mais ricos,
mais poderosos politicamente e nesta elite de maiores contribuintes, os
caramelos, ou mais rigoroso, os seus descendentes, assumem papel determinante, enquanto
os barcos vão começar a apodrecer na lama.
Moita terra de
imigrantes
Até 1810, a Moita é uma terra cosmopolita. A diversidade da
população atenua essa mesma diversidade. No caso concreto dos caramelos
(considerando a zona entre Coimbra / Figueira, Aveiro / Viseu) isso também
acontece. Nesse período o contingente caramelo foi quase exclusivamente
masculino, que casava com mulheres locais, e pelo facto, obtinham a necessária
integração na sociedade local e os descendestes nunca chega a ter qualquer
relação afetiva com as terras de origem dos pais. Apesar de nesse período os
caramelos serem já em maior número, exceto os ilhéus, este não é significativo
e numa geração está diluído na população geral.
Após 1810 a migração para a Moita torna-se quase
exclusivamente caramela. Os ilhéus desaparecem e de outras partes do país
apenas em casos esporádicos. Agora vai tomando cada vez mais importância a
população rural, em particular os Brejos, mas também a Broega e o Carvalhinho e
depois os outros locais.
Este modelo de povoamento rural é provocado pelo forte surto
migratório. Assim nestas novas zonas habitadas, os novos moradores tendem a ser
todos da mesma região, incluindo familiares. As suas relações sociais são
fechadas, no sentido em casam entre eles, da mesma região, os padrinhos são os
parentes próximos. Já Sarilhos é completamente o oposto. Em Sarilhos as pessoas
raramente casam com alguém da terra. A regra é casar com alguém de fora. A sua
vida esta relacionada com a economia do Tejo e relacionam-se mais facilmente
com outras comunidades ribeirinhas do que propriamente com o “interior” do seu
próprio Concelho. Por isso aparecem naturais de diversos locais, desde logo das
localidades mais próximas e de Lisboa, pelo que os caramelos que aqui se fixam são
apenas mais “uns”, porque a maioria dos outros habitantes também não são
naturais da localidade. Integram-se e desaparecem. Nos Brejos perpetuam-se as
ligações naturais, filhos e filhas ou até netos e netas de caramelo voltam a
casar com homens ou mulheres originariamente caramelos. Por isso, também tendem
a manter os hábitos originais.
Origem
Pelo que se constata pelo quadro abaixo a localidade mais
significativa de origem destas pessoas é Mira com mais de um terço do total,
seguido da Arazede, Tocha e Cadima. Depois outras em menor importância como se
constata. Verifica-se que este movimento migratório tem uma origem regional
muito localizada, o que se poderá explicar pelas condições específicas da
região em causa. Relembro que esta região era uma das mais populosas do país,
como foi teatro privilegiado das guerras que assolaram toda a primeira metade
do século XIX e provocaram verdadeiras atrocidades naquela população. Se toda a
população portuguesa sofreu com as invasões francesas, as guerras civis e
revoltas, esta região sofreu ainda mais porque viu o território diversas vezes
ocupado e atravessado por exércitos que não poupavam a população. Ao contrário
a Moita não passou (nem poderia) por tal experiência, pelo que para essas
pessoas a Moita talvez parecesse o paraíso. Assim o facto de centenas
(eventualmente milhares) de pessoas dessa região migrarem não só para a Moita
como para outras freguesias vizinhas, terá a sua explicação, mais pelas condições
particulares dessas mesmas regiões do que propriamente pelas condições que a
Moita poderia oferecer.
Se até 1810 os caramelos são quase todos homens, depois desta
data apesar de continuarem a serem em maior número, vão chegar também muitas
mulheres, solteiras ou o casal. Como já referi até 1810 o número de caramelos
não era significativo no contexto global das pessoas que se radicavam na Moita,
depois desta data essa população caramela é efectivamente significativa,
atingindo mais de 20% da população total, (contas por alto), e nas zonas rurais
praticamente 100%, como nos Brejos. Apenas em termos comparativos com a vizinha
freguesia de Alhos Vedros verifica-se que em trinta anos chegaram à Moita mais
caramelos que em todo o século em Alhos Vedros. Acresce que desde a Fonte da
Prata até ao Matão e zona direita do rio da Moita, (onde posteriormente se
estabeleceu a estacão dos caminhos de ferro), a população aqui residente embora
esteja ligada a Alhos Vedros nas obrigações religiosas, a sua actividade social
e económica está relacionada com a Moita.
Total
de pessoas oriundas da região caramela
Local
|
Homens
|
Mulheres
|
Total
|
|
|
|
|
|
|
Mira
|
124
|
98
|
223
|
|
Tocha
|
29
|
26
|
55
|
|
Arazede
|
38
|
21
|
59
|
|
Cadima
|
29
|
20
|
49
|
|
Quiaios
|
16
|
12
|
28
|
|
Alhadas
|
9
|
7
|
16
|
|
Cantanhede
|
9
|
7
|
16
|
|
Vagos
|
6
|
6
|
12
|
|
Ferreira
|
4
|
4
|
8
|
|
Viseu
|
16
|
2
|
18
|
|
Lamego
|
5
|
1
|
6
|
|
Aveiro
|
12
|
4
|
16
|
|
Coimbra
|
19
|
12
|
31
|
|
Braga
|
4
|
1
|
5
|
|
Leiria
|
3
|
3
|
6
|
|
Sardoal
|
4
|
1
|
5
|
|
Galiza
|
11
|
1
|
12
|
Elaborado a partir dos
dados obtidos nos livros de batismo e de casamento
Este quadro apresenta
números aproximados. As dificuldades em obter dados exatos deve-se ao facto de
haver lapsos temporais nos livros, por outro lado nem sempre os padres registam
todos os dados das pessoas, acontece também que muitos dos nomes se repetem e
nalguns casos não é possível determinar se são ou não as mesmas pessoas, e por
fim, eu também me posso ter engano a ler ou a fazer as contas. Apesar de tudo,
considerado como amostra, é um número significativo que nos permite tirar
algumas conclusões.
Decidi incluir no
quadro algumas localidades que não se inserem na zona caramela. Mas como são as
mais significativas servem para realçar a importância relativa das localidades
caramelas.
A estes deve-se
acrescentar ainda aqueles que faleceram sendo solteiros e que publico em quadro
próprio.
Local de fixação
Até 1810 é percetível que estes imigrantes preferiram
fixar-se nas localidades do concelho. Desde logo a Moita, seguido de Sarilhos
Pequenos e Rosário, embora já no final do século seja referida a existência de
vários habitantes nos Brejos Novos.
Depois de 1810, apesar de continuar a ser a vila o local
preferido é nos Brejos que a maioria destas pessoas se estabelece e a zona
rural propriamente dita, ou aforada com essa finalidade é autenticamente colonizada
por gente que se dedica à agricultura.
Todavia, até pelo número de pessoas que se fixam nos Brejos,
é fácil perceber que não havia fazendas para todos. Ou seja, boa parte das
pessoas que se fixam fora dos três locais urbanos do concelho, digamos, zona
rural, seria trabalhadores jornaleiros, que viveriam em condições perto da
miserabilidade. Mesmo na vila, as casas de morada de uma família, eram quatro
paredes com meia dúzia de metros quadrados e chão de terra. Fora da vila qualquer
cabana era local de morada e isto é válido tanto para os caramelos como para
outros.
Até aí os caramelos ocupam-se em todas as atividades
profissionais. Desde logo marítimos, (que problemas poderá causar a um homem
habituado ao mar de Mira, o mar da Palha?) mas também comerciantes,
trabalhadores, operários, caseiros. Vejamos o caso do Bronze: é referido como
morador na Quinta do Matão, depois na Quinta da Fonte da Prata e mais tarde
entre o Matão e a Fonte da Prata. Quer dizer, morava onde nós hoje chamamos o
Porto do Bronze, e, este Porto, desde o início do século XIX é referido pela
Companhia dos Cais, (que tinha o monopólio dos transportes de pessoas e
géneros), queixando-se que o dito Bronze não só tomava fretes no dito Porto
como autorizava outros a fazê-lo, cobrando por isso e nada pagando. As queixas
foram-se repetindo ao logo de toda a metade do século o que significa que a
actividade foi constante, eventualmente até aumentando na proporção em que a
própria Companhia do Cais foi perdendo importância e poder. Quer dizer que o
Bronze não se dedicou à enxada, procurou um meio mais lucrativo, optou por
fazer um cais onde fosse possível atracar alguns barcos, eventualmente
pequenos, e fazia transportes por conta própria. Desde que combinado com o
passageiro, levava-o para outras localidades ribeirinhas sem encargos inerentes
a essa ocupação. Da mesma forma carregava produtos necessários à agricultura
como limos.
Depois de 1810 são
essencialmente trabalhadores e jornaleiros, gente que vem aqui parar como
poderia ir para outro lado qualquer, em condições particularmente difíceis à
qual muitos não resistiram, (sobre o assunto refiro-me no artigo, Morrer na
Moita).
Distribuição das
pessoas oriundas da região caramela, na freguesia da Moita
Moita
|
68
|
|
Brejos
|
55
|
|
Rosário
|
23
|
|
Sarilhos
|
22
|
|
Broega
|
15
|
|
Carvalhinho
|
10
|
|
Foros Capitão Mor
|
5
|
|
Borathé
|
5
|
|
Penteado
|
4
|
|
Chão Duro
|
4
|
|
Barra Cheia
|
3
|
|
Abreu
|
2
|
|
Carregueira
|
2
|
|
S. Sebastião
|
2
|
|
Pinhal da Areia
|
1
|
|
Esteiro Furado
|
1
|
|
Santa Rosa
|
1
|
|
Quadrado
|
1
|
|
Arrabalde
|
1
|
|
foros Novos
|
1
|
|
Quinta do Nazaret
|
1
|
|
Calcanhar
|
1
|
Quadro obtido a partir
dos dados obtidos nos livros de batismo e casamento.
Devemos considerar que
na maioria dos casos os registos não revelam o local onde as pessoas moravam,
normalmente diz apenas que as pessoas em causa moram nesta freguesia, só cruzando dados dos diversos acentos de
batismo, por exemplo, se consegue perceber onde as pessoas efetivamente moram.
Assim, muitas das pessoas referenciadas não sabemos onde se fixaram.
Estas pessoas logo que se estabeleciam, (assim como a
população em geral), estava sujeita às mais diversas contribuições e impostos. Numa
população próxima da miséria, (toda a população), as obrigações e encargos com
as mais diversas finalidades eram cobradas se necessário com violência ou o arresto
dos bens dos devedores. Depois de 1810 as carências de dinheiro eram tantas que
a Câmara rematava as Rendas Municipais em metros de calçada. Não podia pagar em
dinheiro pagava em metros de calçada, foi assim que pela primeira vez se começou a calcetar a vila. Acresce as obrigações religiosas que não
eram menores. Vejamos um apontamento feito nos livros de óbitos, que nos dão a
ideia das obrigações a que a população estava sujeita:
O referido Jazigo de José Ribeiro, que fica lavrado acento na
folha retro, que são seis tostões, foram entregues ao Tesoureiro
desta Igreja, para descontar, a despesa dos Santos Óleos, e Pal-
mas dos Ramos, que ele não quis pagar ao fabriqueiro António
da Rosa, cujas despesas, importam em
mil duzentos
e oitenta reis e recebeu a conta o dito Tesoureiro Francisco Pinheiro
Baião, seis centos reis do referido jazigo – que diz lhe pertence
dos Santos Óleos, e condução oito tostões, e de Palmas, ou
Ramos do Dia Domingo de Ramos, quatro centos e oitenta
reis, e para constar, que o dito Tesoureiro Francisco Pinheiro Bai-
ão recebeu os seis centos reis, digo para constar que o dito Tesou-
reiro Francisco Pinheiro, recebeu seis centos reis do referido
jazigo, fiz a presente clareza, que assinou com migo
O Prior José Francisco da Costa Lobo encomendado
Não está datado mas
será de cerca de 1818. Está no livro que termina em 1824 e insere-se
temporalmente no período em que o padre referido está em funções.
Para além das obrigações referidas neste documento a
população estava obrigada a pagar para todas as festas e cerimónias religiosas
que se efetuavam, para além das costumeiras como na Páscoa, Natal, festas a
Nossa Senhora e a diversos Santos outras ocasionais como as procições, (em que
pagavam as pessoas individualmente e também a Câmara a 1200 Reis cada), pelas
mais diversas razões. Ou porque chovia muito, ou porque havia seca, ou ainda
porque uma rainha teve um menino, ou porque o rei faz anos, etc, etc, as
procições eram imensas ao longo do ano, por vezes várias por semana, que eram pagas
evidentemente.
Quem são os Caramelos?
O termo caramelo surge nos livros de óbitos em 31 ocasiões.
Desde logo as pessoas só são caramelos quando morrem. Quando casam ou batizam
os filhos ninguém é caramelo, não há um único registo de casamento ou batismo
em que o termo se aplicado.
Analisando estes 35 acentos, podemos dizer: 11 são solteiros,
6 são casados, mas apenas 3 casais são apelidados como caramelos, nos outros 3
são apenas os homens. Nos restantes casos seriam também solteiros ou sem família
conhecida.
Nos casos em análise as pessoas referidas são originários de
Mira, Aveiro e Tocha. Os caramelos seriam então os naturais desta região.
Também se percebe que estavam distribuídos por vários locais
do concelho, embora o maior número se fixasse na Moita e nos Brejos. A
actividade profissional referida é a de caseiro, em várias quintas.
Significativo é o facto de em 8 situações não referir o nome
da pessoa sepultada, num dos casos o padre diz mesmo que não se sabe o nome. Outras vezes diz tratar-se de um caramelo
chamado fulano ou beltrano, sem outra qualquer referência.
Em geral, o caramelo, é originário da região referida, e como
referi no trabalho sobre os caramelos em Alhos Vedros, e agora reafirmo, são
pessoas de baixa condição social, anónimas, (alguns foram sepultados sem se
saber o nome), e mesmo socialmente marginalizados. Se eventualmente se
refugiasse na Moita um médico ou um juiz seria tratado por caramelo? É claro
que não.
O caramelo é o mais pobre dos pobres, pois para além da
pobreza material, são pessoas que vieram abandonadas e assim viveram. A própria
forma como são tratados nos registos de óbitos, revela a pouca consideração em
que eram tidos.
1
Aos vinte e três dias
do mês de Dezembro de
mil setecentos e
noventa e um ano nesta vila
da Moita dentro da
igreja Matriz da mesma se
deu a sepultura a um
menino por nome João
menor filho de Manuel
dos Santos Caramelo assistente
na fazenda de Ana da
Purificação (______)
da Costa desta
mesma vila e que fiz o presente acento
que assinei era ut
supra
O Pároco Joaquim José
Rodrigues
2
Aos quinze dias do mês
de Janeiro de mil
setecentos e noventa e
três anos nesta fregue-
sia de Nossa Senhora
da Boa Viagem da vila
da Moita dentro do
cemitério da mesma Matriz
se deu a sepultura a
um homem que se achou morto
no sítio de Nossa
Senhora do Rosário por nome João da
Cruz Caramelo solteiro
filho de que se diz ser de António da
Cruz e de Maria
______ natural do lugar de Ca
rromeu freguesia de São Tomé de Mira Bispado de
Coimbra de que fiz o
presente acento que assinei era
ut supra
O Pároco Joaquim José
Rodrigues
3
Aos quatorze dias do
mês de Novembro de
mil setecentos e
noventa e cinco anos nesta
freguesia de nossa
Senhora da Boa Viagem des-
ta vila da Moita
dentro do cemitério da igre-
ja Matriz da mesma de
seu sepultura a um
caramelo chamado
Manuel Francisco por alcunha
o Sebola que se diz
ser solteiro natural das
partes e Bispado de
Aveiro de que fiz o pre-
sente acento que
assino era ut supra
O Pároco Joaquim José
Rodrigues
4
Aos quinze dias do mês
de Janeiro de
mil setecentos e
noventa e nove anos nes-
ta freguesia de Nossa
Senhora da Boa Viagem
da vila da Moita
dentro da Matriz da
mesma se deu sepultura
a um caramelo
que faleceu em casa de
António Ribeiro cujo se cha-
mava José dos Santos
Delgadinho solteiro filho
de José Francisco dos
Santos e de Joana natural da
freguesia de São Tomé
de Mira Bispado de Aveiro
de que fiz o presente
termo que assino dia era
ut supra
O Prior Joaquim José
Rodrigues
5
Aos dias doze de
Novembro de mil oitocentos e três
dentro do cemitério da
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Boa
Viagem da Vila da
Moita se deu sepultura a Joaquim
Manuel, filho de
António Gomes assistente nos Brejos re-
cebeu todos os
Sacramentos de que fiz o presente termo que assino
era ut supra.
O Prior Joaquim José
Rodrigues
Na margem: Joaquim
Manuel filho de António Gomes Caramelos. Grátis.
6
No mesmo dia acima
declarado no mesmo cemitério se deu
também a sepultar a
Maria filha do mesmo pai acima
declarado e a mãe
também defunta de que fiz o presente termo
que assinei dia era ut
supra
O Prior Joaquim José
Rodrigues
Na margem: Brejos.
Maria menor filha dos sobreditos. Grátis
7
Aos vinte e seis dias
do mês de Maio de mil
e outo centos e quatro
anos em esta Freguesia
de Nossa Senhora da
Boa Viagem da vila da Moita
e dentro da mesma foi
sepultado José Pinto
casado que era com
Joana Ribeira
Caramelos recebeu os
Sacramentos de que
se lavrou o presente
termo que assinei dia
era ut supra
O Prior Custódio José
de Andrade
8
Aos vinte e quatro
dias do mês de Outubro de
mil oitocentos, e
quatro se deu a sepultura
dentro desta igreja de
Nossa Senhora da Boa
Viagem da vila da
Moita a Teodósio Fran-
cisco solteiro
caramelo, e recebeu todos os Sa-
cramentos, enão fez
testamento, e para cons-
tar fiz este acento
era ut supra
O Prior Custódio José
de Andrade
9
Aos trinta dias do mês
de Outubro de mil
oitocentos, e quatro
em esta freguesia de
Nossa Senhora da Boa
Viagem da vila
da Moita se deu a
sepultura dentro da
mesma igreja a Manuel
Machoqueiro
Caramelo solteiro, e
recebeu todos os Sacra-
mentos, e para constar
fiz este termo era
ut supra.
O Prior Custódio José
de Andrade
10
Aos trinta, e um dia
do mês de Outubro
de mil oitocentos, e
quatro em Sam Pedro
de Sarilhos Pequenos
Capela desta fregue-
sia de Nossa Senhora
da Boa Viagem da
vila da Moita se deu a
sepultura
a Joaquina Rosa mulher
de António
Balceiro Caramelo, e
recebeu tos os sacra-
mentos, e para constar
fiz este termo
era ut supra.
O Prior Custódio José
de Andrade
11
Aos quinze de Janeiro
de mil oitocentos e nove nes-
ta Paroquial de Nossa
Senhora da Boa Viagem
da vila da Moita se
deu a sepulta Bernardo
Caramelo, de que fiz
este acento era ut supra.
O Prior Custódio José
de Andrade
12
Aos dez dias de
Dezembro de mil oito cen-
tos e dez anos nesta
Vila de Alhos Vedros
da freguesia Matriz de
S. Lourenço desta
mesma vila foi
sepultado um caramelo
que se chamava segundo
dizem algumas
pessoas da sua terra
Domingos de alcunha o
bixo, o qual faleceu
repentinamente nesta
mesma vila de moléstia
que o privou
da fala e sentidos, e
por isso recebeu tão
somente o Santo
Sacramento da extrema
unção: do que tudo
para constar fiz este
termo que assinei
O Reverendo Filipe
Gomes Monteiro de Barbuda
13
Em quinze de Janeiro
de mil oitocentos e nove nes-
ta Paroquial de Nossa
Senhora da Boa Viagem
da vila da Moita se
deu a sepultura Bernardo
Caramelo, de que fiz
este acento era ut supra
O Prior Custódio José
de Andrade
14
Em vinte de Maio de
mil oito centos e dez se deu sepul-
tura nesta Paroquial
de Nossa Senhora da Boa Vi-
agem da vila da Moita
um caramelo chama-
do José Feio de que
fiz este acento era ut supra
O Prior Custódio José
de Andrade
15
Em vinte de Junho de
mil oito centos e doze neste
cemitério de Nossa
Senhora da Boa Viagem da
vila da Moita se deu a
sepultura um carame-
lo que morreu em casa
do Pascoal, de que fiz este
acento era ut supra
O Prior Custódio José
de Andrade
16
Em quatorze de Julho
de mil oitocentos e doze
nesta Paroquial de
Nossa Senhora da Boa Viagem
da vila da Moita se
deu a sepultura um cara-
melo e ter se olvidado
do enterro Manuel Mar-
garido e morreu em
casa onde morou Antó-
nio Ribeiro, de que
fiz este acento era ut supra
O Prior Custódio José
de Andrade
17
Em treze de Novembro
de mil oitocentos e doze no cemitério da
Paroquial de Nossa
Senhora de Boa Viagem da vila da Moita
se enterrou um
caramelo que morreu nos Brejos que não
se sabe o nome, de que
fiz este acento era ut supra
O Prior Custódio José
de Andrade
18
Em vinte e oito de
Fevereiro de mil oitocentos e treze no cemité-
rio de Nossa Senhora
da Boa Viagem, digo na igreja de Nossa Se-
nhora da Boa Viagem da
vila da Moita, se deu a sepul-
tura um caramelo que
morreu na vinha do Maltez
de que fiz este
acento, era ut supra
O Prior Custódio José
de Andrade
19
Em oito de Abril de
mil oitocentos e treze, no cemitério
desta Paroquial de
Nossa Senhora da Boa Viagem
da vila da Moita se
deu a sepultura a Joaquim que
morreu na fazenda de
Lourenço Maria Libério, de que fiz
este acento era ut
supra
O Prior Custódio José
de Andrade
na margem: Joaquim
Caramelo
20
Aos nove dias do mês
de Janeiro de mil oito
centos e quatorze no
Adro da Freguesia
Matriz de São Lourenço
desta vila de Alhos
Vedros foi sepultado
António Francisco,
Caramelo; que
declararão ser casado
com Jacinta que por
sobre nome não per-
ca, e natural do
Ramalheiro Freguesia
de São Tiago de Mira,
Bispado de
Aveiro: faleceu
repentinamente na
Fazenda chamada do
Inglês, termo des-
ta vila, sem receber
Sacramento al-
gum, e sem testamento:
do que para
constar, fiz o
presente termo que
assinei.
O Reverendo Filipe
Gomes Monteiro de Barbuda
21
Aos vinte e seis dias
de Dezembro de mil oitocentos, e
quinze se deu a
sepultura no cemitério de Nos-
sa Senhora da Boa
Viagem da vila da Moita
um caramelo que veio
de Coina para o Hos-
pital que teria quinze
anos pouco mais ou
menos, e morreu de
repente chamado Manuel
do lugar das Achadas
freguesia da Atocha filho de
Manuel da Silva Galito,
e Estefanilha Ribeira de
que fiz este acento
era ut supra
O Prior Custódio José
de Andrade
22
Em trinta de Novembro
de mil oito centos e dezoito, no cemité-
rio desta freguesia de
Nossa Senhora da Boa Viagem da
vila da Moita se deu a
sepultura um caramelo chama-
do João da Cunha, de
que fiz este acento, era ut supra.
O Prior Custódio José
de Andrade
23
Aos oito dias do mês
de Agosto de mil oitocentos e dezanove anos
na ermida de Sam Pedro
de Sarilhos desta freguesia de Nos-
sa da Boa Viagem da
vila da Moita se deu a sepultu-
ra uma caramela
chamada Maria de Miranda mulher de Iná-
cio Francisco, e
recebeu todos os sacramentos, de que fiz este acento era
ut supra.
O Prior Custódio José
de Andrade
na margem: Maria de
Miranda mulher de Inácio Francisco ou Maria Páscoa.
24
Aos dezassete dias do
mês de Abril de mil oito-
centos, e vinte e um
anos nesta Paroquial de Nossa Senhora
da Boa Viagem da vila
da Moita foi sepultado
Manuel Gomes, Caramelo
solteiro natural
de São Tomé de Mira
Bispado de Aveiro; filho
de José Gomes, e de
Maria de Miranda, da mesma freguesia
de que fiz este acento
que assinei.
O Pároco Encomendado
João António Soares
25
Ao dezoito de Abril de
mil oitocentos e vinte e dois
nesta Paroquial da
vila da Moita, foi sepultado Ale-
xandre menor, filho de
Manuel da Cunha Caramelo, e de Maria
Rosa, assistentes
nesta freguesia, de que fiz este acen-
to, que assinei.
O Pároco Encomendado
João António Soares
26
Aos trinta dias do mês
de Julho de mil oitocentos
e vinte e três nesta
Paroquial igreja de nossa
Senhora da Boa Viagem
da vila da Moita deste
Patriarcado, passou da
vida presente para a futu-
ra Francisco de Morais
Caramelo, filho de Quitério
Morais, e de Maria
Cardosa solteiro morador nesta
mesma vila, recebeu
somente o sacramento
da Extrema Unção por
que foi morte quase repen-
tina por lhe rebentar
uma portema: foi sepul-
tado dentro desta
Paroquial igreja, não fez testa-
mento por não de que
dispor, de que para constar fiz este
termo. Vila da Moita 3
de Agosto de 1823.
O prior Encomendado
José da Conceição Melo
27
Aos dois dias do mês
de Outubro de mil oitocentos
e vinte e quatro nesta
Prioral igreja de nossa Se-
nhora da Boa Viagem da
vila da Moita passou
da vida presente para
a futura Maria filha
menor de José
Francisco Caramelo, e de Teresa
Rosa moradora nesta
vila; foi sepultada
dentro desta Prioral
igreja de que para constar
fiz este termo. Vila
da Moita dia mês e ano
era ut supra.
O prior José da
Conceição e Melo
(A 29-10-1824, faleceu
outra filha, chamada Rosa. O acento é praticamente igual.)
28
Aos dezoito dias do
mês de Janeiro de mil oitocentos
e vinte e cinco nesta
Prioral igreja Matriz de nossa
Senhora da Boa Viagem
da Vila da Moita fale-
ceu Manuel filho menor
de Manuel Joaquim Caramelo
e de Ana dos Santos
moradores nos li-
mites desta vila foi
sepultado dentro desta
Prioral igreja de que
para constar fiz este
Termo vila da Moita
dezassete de
Fevereiro ano era ut
supra.
O prior José da
Conceição e Melo
29
Aos dezoito dias do
mês de Fevereiro de mil oitocentos e
vinte sete nesta
Prioral igreja de nossa Senhora da
Boa Viagem da vila da
Moita faleceu Manoel
Francisco solteiro
caramelo, morador nesta freguesia
não recebeu sacramento
algum por morrer repenti-
namente, e foi
sepultado nesta Prioral de que para constar
fiz este termo Moita
dia mês ano era ut supra.
O prior José da
Conceição e Melo
30
Aos dez dias do mês de
Março de mil oitocentos
e vinte nove nesta
Prioral igreja de Nossa
Senhora da Boa Viagem
da vila da Moita faleceu
Francisco Ribeiro casado
com Maria
Seixas morador nesta
mesma freguesia
recebeu todos os
Santos Sacramentos
e foi sepultado dentro
desta Prioral igreja
de que para constar
fiz este termo Moita dia
mês ano era ut supra.
O prior José da
Conceição e Melo
(na margem; Francisco Ribeiro
Caramelo)
31
Aos nove dias do mês
de Março de mil oito-
centos e trinta dentro
desta Prioral igreja
de Nossa Senhora da
Boa Viagem da vila
da Moita foi sepultado
o corpo de um
anjinho chamado
Gertrudes filha
natural de José
Teixeira Caramelo
e de Joaquina do
Rosário solteiros
moradores nesta mesma
vila
de que para constar
fiz
este termo Moita dia
mês, ano era
ut supra.
O prior José da
Conceição e Melo
32
Aos vinte e quatro
dias do mês de Abril de mil
oitocentos e trinta
dentro da Prioral igre-
ja de Nossa Senhora da
Boa Viagem da vila
da Moita foi sepultado
o corpo de Maria
dos Santos casada com
José Francisco
caramelos moradores
nos Brejos desta
vila recebeu todos os
Santos Sacramen-
tos não fez testamento
de que fiz este
termo Moita dia mês
ano era ut supra.
O prior José da
Conceição e Melo
33
Aos oito dias do mês
de Setembro de mil oito
centos e trinta dentro
desta Prioral Igreja
de Nossa Senhora da
Boa Viagem da vila
da Moita foi sepultado
corpo de Amaro
Pascoal solteiro filho
legítimo de João
Pascoal, e de Rosa
Maria caramelos mo-
rador nos Brejos da
Agoa Doçe termo des-
ta mesma Vila recebeu
todos os Santos
Sacramentos de que fiz
este termo. Mou-
ta dia mês ano era ut
supra
O prior José da
Conceição e Melo
34
Aos dezasseis dias do
mês de Setembro de mil
oitocentos e trinta no
cemitério desta
freguesia de Nossa
Senhora da Boa Viagem
da Vila da Moita foi
sepultado o corpo de
Manuel João solteiro
caseiro que foi de Maria
Eugénia morador nesta
mesma vila e
Freguesia era
Caramelo, não recebeu se-
não o Sacramento da extrema Unção por
estar em continuado
delírio não fez
testamento de que fiz
este termo Mouta
dia mês ano era ut
supra.
O prior José da
Conceição e Melo
35
Aos vinte e sete dias
do mês de Dezem-
bro de mil oitocentos
e trinta den-
tro desta Prioral
Igreja de Nossa
Senhora da Boa Viagem
da Vila da Mou-
ta foi sepultado o
corpo de Tomé
Caramelo chamado José
Carromeu
Solteiro filho
legítimo de Manoel
Jorge Neto e de
Mariana Gomes mo-
rador nesta mesma Vila
e Freguesia
recebeu somente o
Sacramento da
Extrema Unção por ser
logo privado
da fala de que fiz
este termo Moita
quatro de Janeiro de
mil oito
centos e trinta e um
O prior José da
Conceição e Melo