Motivos e razões dos fundadores do C.
R. I.
A fundação do C.R. I.
surge numa conjuntura concreta da História portuguesa e enquadra-se nas
motivações políticas e ideológicas da maçonaria. Por todo o país foram criadas
centenas de instituições com objectivos similares. Na Moita também existiu
clube de idêntico propósito.
Este enquadramento detecta-se, numa análise sumária, em
quatro aspectos.
Desde logo, pelos fins a que se propõe; propagar a instrução
literária e educativa, por meio da escola, da conferência e do livro, conforme
estipulava o 1º artigo dos estatutos.
Por outro, pelas actividades que nos anos pós fundação se
desenvolveram; escola primária, cursos nocturnos para adultos, aulas de piano,
jornal Oriente, biblioteca, teatro, jogos desportivos, bailes, variedades,
saraus, conferências…
Também pelas razões que os fundadores e primeiros directores
disseram sobre as suas motivações. Vejamos só para exemplo; “a instrução faz de
um animal um homem”, “a instrução irradia a luz que há-de tornar mais perfeita
a consciência humana”, “a instrução é a grande alavanca que transforma o mundo,
tornando-o mais perfeito do que o que saiu das mãos do Criador bíblico; ela
desfaz erros, aniquila déspotas, implanta a liberdade”. Nesta prespectiva, em
que a instrução é a luz que pela razão leva à verdadeira condição humana, os
primeiros directores consideravam-se “os amigos da luz”, aqueles que “queriam
levar a liberdade a todos”, encarando esta missão como a mais nobre de todas,
juravam “lutar toda a vida para cumprir o dever sagrado de que a luz fosse
distribuída a todos”.
Por fim, nas relações cordiais ou elogiosas para com outras
instituições ou particulares. Assim, eram frequentes os contactos com a
Sociedade do Livre Pensamento de Lisboa, a Luz do Norte do Porto ou a Sociedade
de Geografia que disponibilizavam oradores e meios para sessões comemorativas e
conferências, como António Macieira, Magalhães Lima ou Trindade Coelho que são
referidos como doadores do Clube.
A importância deste Clube na vida social da época é
perceptivel se nos lembrarmos que Alhos Vedros não tinha luz electrica, água
canalizada, telefones, correios, estradas alcatroadas e também não tinha escola
nem professor permanente. Assim, a população era em geral analfabeta e as cerca
de 500 crianças em idade escolar não tinham qualquer instrução. Por isso, as
práticas juvenis nas primeiras décadas do século eram efectivamente
degradantes, como é referido várias vezes no Oriente, e faço referência em artigo próprio que pode consultar
neste blogue.
Jornal Oriente,
Dezembro de 2000.
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