Prospecções
zona ribeirinha do
concelho da Moita
parte I
Introdução
Já passaram mais de trinta anos que percorri toda a zona
ribeirinha do concelho da Moita, recolhendo os vestígios do passado que
encontrava.
Tanto onde o rio faz praia, como nas marinhas e respectivos
muros, como por todos os cabeços e lama. Umas vezes a pé, outras vezes de barco,
umas vezes como actividade lúdica, outras com o objectivo de identificar e
recolher os vestígios dos povos que por aqui andaram. Identifiquei diferentes
tipos de objectos, como sílex, cerâmicas, fragmentos de diverso material, incluindo
alguns que não são o que parecem. (Ossos, que parecem pedras, por exemplo).
Localizei a estação arqueológica do Gaio, onde recolhi uma
dezena de peças em sílex e dois fragmentos de cerâmica “cardeal”, que entreguei
no Museu Etnográfico de Setúbal.
Nas marinhas, recolhi cerca de três dezenas de objectos de
trabalho de salineiro, sobretudo os diferentes tipos de pás, que também
entreguei no Museu.
Também entreguei no Museu diversos tipos de objectos,
incluindo pesos de rede de pesca, da época romana.
Localizei o relógio de sol que está exposto no moinho de maré
de Alhos Vedros.
Depois desses anos iniciais, entre mergulhos e passeatas nas
margens deste rio maravilhoso, continuei a recolher o material que ia
encontrando. Muito desse material extraviou-se, outro apodreceu, outro dei-o,
sobretudo a crianças, e outro ainda, utilizei-o em decorações.
Sílex
O sílex é abundante em toda a região, mas parece haver
padrões que diferenciam as diferentes zonas.
O sílex é abundante em toda a região, mas parece haver
padrões que diferenciam as diferentes zonas.
As peças em sílex preto surgem principalmente a norte da
praia da Gorda, nas entradas de água para as salinas. Aqui pela abundância
deste material, sugere a existência de uma indústria de fabricação deste
material.
Já o sílex de tons claros surge sobretudo a sul do cais Novo.
Tanto uns como outros com sinais de trabalho humano. Esse tipo de sílex é
evidente no grupo de peças recolhidas no Gaio, nos aterros provocados para a construção
de habitações.
Pesos de rede
Os pesos de rede surgem em todo o lado e de forma
aparentemente aleatória, pois é suposto que fossem perdidos.
Os mais pequenos aparecem junto à foz das valas, Arroteias,
Fonte da Prata e Baixa da Banheira, sugerindo a pesca das espécies que entravam
nesses rios e valas, e as maiores nos cabeços e na lama.
Os pesos de redes de pesca serão dos artefactos mais
simbólicos, da utilização do rio. Diferem pelo tamanho, sinal de diferentes de
tipos de pesca e, portanto, de pescado, e pela forma, que pressupõe diferentes
épocas de fabrico.
O uso de pesos nas redes de pesca inclui pedras de tamanho e
volume significativo, e de vários formatos, que se encontram dispersos em toda
a região e são reveladores de ancestrais práticas piscatórias.
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