O ENSINO NO CONCELHO DA
MOITA NO FINAL DA MONARQUIA.
Introdução.
O presente trabalho não é um estudo exaustivo da actividade
lectiva no concelho da Moita. Ciente das lacunas, ainda assim deixo estas
linhas para o caso de poderem ser úteis a quem queira debruçar-se sobre o tema.
Caso algum dia a documentação dos arquivos locais estiver à disposição de todos,
tenciono complementa-lo, pois sei que muito há ainda para investigar e estudar.
É um tema aliciante que muito nos poderá dizer da vida social, política e
cultural desta terra.
Os edifícios escolares.
No final do século XIX existiam no concelho da Moita quatro
escolas primárias. Duas em cada freguesia, Moita e Alhos Vedros.
A localização dessas escolas mudou por diversas ocasiões e
eram casas adaptadas a essas funções que requeriam constantes reparações. Quase
sempre acumulava, ou mesmo funcionava na casa do professor.
O edifício escolar na Moita, construído de raiz para o efeito
foi a Escola Conde Ferreira, inaugurada em 1870, por doação do benemérito que
lhe deu o nome. Somente mais de meio século depois se voltou a construir outro
para servir como escola e também por doação de um benemérito, no caso o Dr.
Moreira e em Alhos Vedros. (Sobre isso escrevi artigos próprios e que também
pode ser consulta neste blogue).
As queixas dos professores eram sistemáticas, pelas mais
diversas razões.
Logo na década de 70 do século XIX, a professora da escola do
sexo feminino na Moita, queixa-se “porque
casa da escola não tinha condições” e no mês seguinte afirma que “casa de aula,…, fica próxima do porto onde
há muitos chiqueiros” e por isso “ela
e algumas alunas,…, tiveram vómitos”. A Câmara decide arrendar outra casa
mas parece ter-se alheado do assunto, porque duas semanas depois a dita
professora repete a queixa, desta vez para o Governo Civil, justificando que a
escola se “localiza perto do porto das
lamas”.
Dois meses depois volta a colocar o assunto. A professora,
Maria Emília Guedes Mourão, “pede que
seja demovida a escola da casa que a Câmara arrendou, para aquela, contígua à
residência,…, visto que está num extremo da vila e é insalubre”. A Câmara
indeferiu o pedido.
Em Julho de 1875, a professora volta ao assunto. Afirma que a
escola de meninas é pequena e acanhada e solicita a sala do tribunal, onde
funcionava o extinto antigo julgado. Câmara não aceita.
No entanto em Outubro desse ano decide alugar por 24.000 reis
uma casa no largo do poço do concelho e mudar para lá a escola.
Um ano depois é o professor do sexo masculino que pede para
ser concertado o telhado da escola e da casa onde habita. Só em Janeiro de 1876
a Câmara confirma que “o telhado da
escola está arruinado a ponto de cair,…, e a residência do professor está
inabitável”.
Pelas actas da Misericórdia de Alhos Vedros sabemos que a
escola primária para o sexo feminino foi criada em 1877, diz assim: “ por iniciativa do Administrador do
Concelho que era de urgentíssima indispensável necessidade a criação de uma
cadeira de ensino primário para o sexo feminino nesta Freguesia e que a Junta
desejava ao requere-la mostrar-se habilitada com casa e mobília para a
estabelecer propõe pedir a que serviu do andador e a que serve de sessões desta
Comissão obrigando-se a repará-las condignamente dará lugar a este grande
melhoramento local, deliberou aceder à Junta da Paróquia as casas de que se
trata para a escola do sexo feminino, e habitação da professora”.
Em 1879 é o professor António Maria Silveira Velez a
solicitar a sala do tribunal, que é concedida temporariamente.
Em Outubro de 1880, é aprovado em Câmara a construção de uma
casa para aula do sexo feminino e habitação da professora. Em Fevereiro do ano
seguinte é expropriada uma casa na rua Direita para aula do sexo feminino e
casa da professora. Em junho é feito um empréstimo para conclusão da obra, e
informa tratar-se de obras de estuque e pintura, mas só em Setembro é feita a
arrematação da dita obra e em Novembro dizem que ainda está em construção. Em
Março de 1882 é decidido mandar fazer réguas para colocar em volta do rodapé da
sala, para “evitar encosto de cadeiras e
bancos que destroem as paredes”. Em Maio é oficialmente inaugurada a
escola. Só em 1898 volta a ser referida esta escola, (suponho que a mesma),
para dizer que se fizeram obras na cantina, e que é necessário trabalho de
carpinteiro sem o que o pedreiro não pode continuar.
Em 1882 é a Junta da Paróquia de Alhos Vedros a solicitar que
“se lhe conceda a casa dos antigos Paços
do Concelho quase em ruínas, para serem reparadas e utilizadas a escola do sexo
feminino,…, em virtude da actual escola estar estabelecida na casa do professor”.
Câmara aceita. No mês seguinte confirma a decisão mas altera o objectivo. Agora
delibera ceder a “casa que serviu de
Paços do Concelho em Alhos Vedros à Junta da Paróquia para nela estabelecer
aula do sexo masculino e habitação do professor”.
No ano seguinte de 1883 diz a Câmara que “o concelho compõe-se de duas freguesias Boa Viagem e S. Lourenço, a primeira
com cerca de 1 000 fogos, e duas escolas uma para cada sexo, a segunda com
cerca de 500 fogos e duas cadeiras, uma para cada sexo”. Adianta depois que
existem duas povos mais, Sarilhos Pequenos com 110 fogos e Rosário com 47
distando cerca de 1 Km entre eles, “convinha
estabelecer no centro dos dois povos uma casa nas condições de receber 50 a 60
alunos de ambos os sexos”.
Em Maio de 1898 é o professor de Alhos Vedros a queixar-se
que a casa em que habita está em péssimas condições e propõe a “transferência para outra casa que está
para vagar”.
Relativamente à escola cedida pela Misericórdia, o
Administrador do Concelho, comunica que compete à Câmara fazer os reparos
necessários. Presidente fica incumbido de esclarecer o assunto com “Sua Excelência”. No mês seguinte a
Câmara manda efectuar as reparações.
Em 1903 é decidido incluir no orçamento camarário verba para
reparar casa onde funciona escola do sexo masculino, em Alhos Vedros.
Na escola da Moita é o professor que em 1898 requere a “urgente necessidade de reparações”. No
mês seguinte volta a solicitar obras na escola. Em Maio de 1901 novo pedido de
obras urgentes.
Em Outubro desse ano a professora da Moita “participou que foi sobressaltada pela chuva
que corria sobre a cama e pelas paredes”. A Câmara decide nomear
funcionário para “ver o que era
necessário”.
A degradação dos edifícios escolares é constante e arrasta-se
de ano para ano. Parece que os professores ultrapassam a própria Câmara e se
queixam a instâncias superiores. Talvez por isso em Maio de 1905 o Director
Geral da Instrução Pública, comunica à Câmara que “acha conveniente adquirir melhor casa para três escolas do concelho”.
Uma delas é propriedade do município. Em Setembro a Câmara reconhece que as
escolas “necessitam arranjos” e
decide “providenciar no que seja
solicitado para as mandar arranjar”.
Em Julho do ano seguinte nova solicitação do professor da
Moita a pedir reparos na escola.
Em Janeiro de 1907, a “Câmara
entende que verba anual para reparos nos edifícios escolares não deve ser
inferior a 200.000 reis”, mas só em Dezembro é orçamentado os reparos a
fazer nas escolas.
Em Fevereiro de 1908 o círculo escolar de Setúbal pede
informações sobre a criação de uma escola mista e a responsabilidade do
fornecimento de casa, mobília, utensílios e habitação da professora. A Câmara
afirma responsabilizar-se.
Em Janeiro de 1909 é o professor da escola oficial da Boa Viagem,
sexo masculino, a queixar-se “que a
escola está pessimamente situada, achando-se rodeada de água na estação
invernosa, sendo preciso auxílio de uma ponte para os alunos saírem”.
No final desse ano de 1909 é a professora da escola do sexo
feminino a queixar-se, afirmando que “não
se fez qualquer obra na escola desde 1-7-1907.
Limpezas e higiene.
A limpeza das escolas não está perfeitamente definida. Apesar
da Câmara assumir a limpeza parece que lhe prestava pouca atenção. A referência
mais clara ocorreu em 1873 quando um vereador acusa a professora de “mandar limpar a aula pelas meninas pobres,
dispensando as alunas de pais ricos”. Perante isto a Câmara decide assumir
a limpeza da escola e do fornecimento da água.
Em Junho de 1877 existe uma “encarregada da limpeza dos colégios”, mas os professores
queixam-se que a senhora não satisfaz as condições, “passavam semanas sem que varresse o colégio e meses sem que o
lavasse”. É decidido dispensar a encarregada pela limpeza. Mas em Agosto é
readmitida, “não faltou de livre
propósito e sim por grandes incómodos e doença grave do filho”.
Apesar da existência da encarregada de limpeza, esta seria
feita esporadicamente. As referências são espaçadas no tempo e pressupõem a
necessidade de autorização da Câmara para se efectuarem. É assim que o
orçamento de 1878 refere a necessidade de limpar a “sala de meninos” e o “entulhamento
do largo da escola” na Moita.
Em 1879 a limpeza dos colégios é considerada “despesa absolutamente necessária”.
Estes pagamentos eram feitos de forma irregular pois em 1889 o Governo Civil
envia ordem à Câmara para pagar dívidas aos professores do concelho relativas
às limpezas. Só em 1898 a Câmara volta a ser solicitada e manada pagar aos
professores pela limpeza, mas deve ter-se esquecido do professor da escola
Conde Ferreira porque algumas semanas depois pede a importância pelo fornecimento
da água e da limpeza. O que foi aceite. Parece pois que seriam os professores a
assumir este trabalho. Nos anos seguintes a Câmara disponibiliza verbas
específicas para as limpezas escolares.
As condições higiénicas e sanitárias nas escolas também ressaltam
na documentação. Por exemplo no auto de vereação de 27.9.1879 é decidido a “construção de um cano que conduza as
matérias excrementarias que se costumam acumular no depósito das sentinas do
colégio Conde Ferreira ao cais do porto,…, por,…, haver preciso declive”.
Em 1882, pelo mesmo motivo é decidido construir um cano desde
a cantina da casa do colégio feminino “e
entroncar com a da rua do cais”.
Alguns anos depois surge outro problema: Câmara manda avisar
professora que “que crianças lançam
objectos volumosos nos canos, sendo um deles um rodilhão”. Nos anos
seguintes por diversas vezes é referido que “os
canos estão entupidos”.
Em 1884 é o médico que “lembra
conveniência de serem lavadas repetidas vezes e desinfestadas sentinas e as
casas da escola,…, mandar limpar com grandes quantidades de água e por vezes
semanalmente,…, com desinfetante”.
Dos professores.
A conduta moral e cívica dos professores era motivo para
reparos e eventualmente para despedimento. É o caso ocorrido em 1873 quando a
Câmara decide propor com a maior urgência a transferência do professor porque “havia perdido o prestígio,…, visto que,…,
havia ajuntamentos próximos da sua habitação desafiados por alaridos havidos
entre ele e a esposa por causa, segundo se diz, de uma mulher,…, sua amante”.
Em Novembro desse ano a Câmara constata que na escola do sexo
masculino “se manifesta a maior
incúria,…, neste importante ramo do serviço público senão o principal”.
Afirma-se no respectivo auto que o assunto provocou “provocou calorosa discussão” e que Comissário dos Estudos havia
prometido colocar “professor digno”.
A conduta dos professores parece ser levada muito a sério,
pois são os próprios a requerer regularmente atestados que confirmem a sua boa
conduta moral e cívica.
Os professores tinham também de pedir licença sempre que se
ausentavam, o que aconteceu várias vezes.
Regular é também a mudança de professores. Uns de iniciativa
própria, eventualmente por usufruírem melhores condições noutros concelhos,
outros exonerados pela Câmara, decerto por incumprimento das obrigações
estabelecidas.
Os professores são também convocados para participar em
Conferências Pedagógicas, que se realizavam normalmente em Setúbal. Em 1882 a
Câmara afirma “não ter dinheiro para
enviar professores do concelho”. Já em 1884 sabemos que a Câmara “abonou as verbas” para que os
professores fossem às Conferências.
Horários.
O horário das aulas apenas é referido no auto de vereações de
24.3.1873, onde a Câmara ficou informada que a professora alterou o horário que
era das sete às dez horas, e passou a ser das oito às onze e das quinze às
dezoito horas.
Honorários.
Os honorários dos professores são da responsabilidade da
Câmara que em Novembro de 1873, os decidiu “elevar
para 60.000 reis anuais, mais casa e mobília”.
Em 1882 diz a Câmara que o pagamento aos professores são “feitos com regularidade,…, mostrando assim
quanto se empenha na instrução pública". Na mesma sessão é contratado
Manuel Vicente Nogueira para professor na Moita com o vencimento de 150.000
reis anuais.
Em Abril de 1884 pede exoneração. A Câmara aceita e abre
concurso para novo professor. Agora propõe um vencimento de 180.000 reis
anuais.
Nesse mesmo ano é contratado para professor em Alhos Vedros
Manuel Dias Moreira com o vencimento de 120.000 reis anuais. Neste caso parece
satisfeito pois solicita ser “provido
vitaliciamente no lugar”.
Note-se que os vencimentos diferem, o que acontece também com
outros funcionários, como era o caso dos médicos. Entre a Moita e Alhos Vedros
existe sempre uma substancial diferença nos vencimentos. Esta diferença, penso,
que se explica pela maior projecção política da sede do concelho. Se Alhos
Vedros podia passar sem professor ou médico tal era impensável na Moita.
Os professores locais, pelo menos inicialmente, compõem o
júri de exames, depois serão nomeados pela Comissão Distrital, e são pagos pela
Câmara sob a forma de gratificações. No ano de 1885 sabemos que os três
professores que compunham o júri de exame receberam 6, 4, e 3 mil reis.
Iniciativas dos
professores.
Por diversas ocasiões são os professores a tomar a iniciativa
de dar aulas fora do horário normal, em especial para alunos impossibilitados
de o fazer nesse horário, abrindo cursos nocturnos.
É o caso ocorrido em 1875 em que o professor pede um subsídio
para o curso nocturno masculino, em Alhos Vedros, que funcionava havia dois
meses com “reconhecido aproveitamento dos
alunos”. Apesar disso a Câmara responde que não tem orçamento para tal
subsídio. Em Novembro do ano seguinte volta a pedir um subsídio para abrir o
curso nocturno em Alhos Vedros. A resposta é a mesma, a Câmara “não tem orçamento”.
Já em 1879 é o professor António Maria Silveira Velez a
propor-se “ensinar pelo método João de
Deus”, requerendo que a Câmara lhe conceda nos Paços do Concelho uma casa
para aula onde “leccionar o referido
método a alguns alunos, visto não achar outra vaga que se prestasse a esse
fim”. A Câmara concedeu “temporariamente
a sala do Tribunal Judicial por se achar vaga”. O ensino pelo método João de Deus era
inovador e acabou por se generalizar nas escolas em Portugal.
Recursos pedagógicos e
aproveitamento.
Os recursos pedagógicos para o funcionamento das aulas sofrem
do mesmo problema dos melhoramentos nas instalações escolares. Quer dizer, os
professores vão solicitando esses recursos à medida das necessidades. Por vezes
são concedidos outras vezes não.
No ano de 1881 é a professora da Moita a solicitar “quadros de leitura e mapas corográficos”.
A Câmara adia a decisão. No ano seguinte é o professor de Alhos Vedros a
solicitar bancos para a escola do sexo masculino, por “aumentar a freguesia”, quer dizer o número de alunos. Foi aceite.
Assim, são os próprios professores que tentam ultrapassar as
dificuldades por sua iniciativa. Logo em 1882 é a Misericórdia a enviar “voto de louvor à Câmara,…, por ter cedido
generosamente a sala principal para duas récitas de sala a favor do cofre da
Comissão de Ensino no intuito de vestir e calçar crianças pobres na idade
escolar, que não pudessem frequentar a escola por absoluta falta de meios”.
Em 1909 recebe a Câmara um ofício no sentido de se “promover a aquisição de recursos para
fornecer livros, vestuário e calçado para as crianças pobres” por isso pede
“autorização para no largo D. Carlos
armar uma barraca, onde se organize um bazar,…, para obter meios para tal fim”.
No mês seguinte o professor de Alhos Vedros pede licença “para organizar bazar,…, a favor da caixa
escolar”.
Relativamente ao aproveitamento as informações são raras e
vagas. Apenas em 1878 sabemos que a professora da Moita “pede sala de sessões,…, para fazer exame a cinco meninas mais
adiantadas”, e em 1885 é o professor da Misericórdia intimado a “mandar as razões porque neste ano não
apresentava aluna alguma a exame”. Não sabemos que razões deu o professor,
mas duas semanas deliberou a Câmara nomear nova comissão escolar.
Este assunto, como digo na introdução merece tratamento
especial. Tanto o número de alunos como as percentagens de aproveitamento são possíveis
de quantificar e elaborar estatísticas que nos permitiriam uma análise mais
cuidada e nos revelasse a importância e influência do ensino no concelho, assim
como a percentagem de crianças com acesso à escola. Estou convicto que um dia
tal trabalho será feito.
Recursos financeiros.
Até à década de oitenta do século XIX a Câmara não inclui no
seu orçamento verbas específicas para o ensino. Apenas os vencimentos dos
professores eram orçamentados e ainda assim o seu cumprimento era muitas vezes
negligenciado.
Em 1882 uma deliberação da Câmara determina que verbas não
utilizadas, do orçamento geral, (não diz quanto), seja utilizada para “subsidiar crianças abandonadas e os
professores”. No ano seguinte de 1883 delibera que no “orçamento ordinário deverá figurar uma cifra,…, para eleição dos
filhos menores de pessoas miseráveis”.
Em 1885 é a Comissão Distrital a pedir à Câmara explicações
pelo facto do Orçamento Geral não incluir verba para expediente e ajudante do
professor. O que se depreende que incluiria para as outras actividades. A
Câmara responde que “não havia ajudantes
de professor porque nunca foram reclamados”. Quanto ao expediente era “generosamente” assumido pela Junta Escolar.
Ainda nesse ano de 1885 manda verificar o “rol das contribuições directas sobre
contribuições do Estado,…, para dotação da Instrução Primária”. Mas só no
ano de 1898 é mais explícita. Determina “desviar
da contribuição directa para a instrução segundo as quotas estabelecidas pelo
governo”. Decidem “emitir parecer
respeitando à percentagem que convinha,…, propõem 35% sobre contribuição predial,
industrial nada de casas e sumptuária sendo 12% e 60% para instrução e o resto
para encargos gerais”.
Já no ano de 1900 é perfeitamente claro. 15% das quantias
obtidas nos impostos directos eram aplicados à instrução primária, que nesse
ano atingiram a quantia de 1.129.034 reis, e nos anos seguintes de 1901 atingiu
a soma de 560.571 reis e em 1902 a quantia de 1.311.205 reis. Eram quantias
consideráveis.
Apesar disso ainda em 1910, (um mês depois da instauração da
república) a Câmara decide que “da verba
para a festa escolar fossem desviados 10.000 reis para a festa da bandeira”.
Outra forma de obter recursos financeiros, foi (costume bem
português), nomear uma Comissão de Beneficência do ensino. Esta comissão
começou por ser composta pela D. Maria Ignês de Sampaio Melo e Castro, Condessa
de Sampaio, em Alhos Vedros e pela D. Maria Gertrudes Pereira Alves, na Moita.
No ano seguinte é nomeada a Condessa de Sampaio “que gostosamente aceitava” e D.
Gertrudes Chagas Nunes, Para Alhos Vedros e Moita respectivamente.
Não se consegue perceber que beneficência esta comissão
praticou pois além da sua nomeação nada mais consta nas actas da Câmara.
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