As invasões francesas no Concelho
da Moita.
As crises internas e a guerra
marcaram o início do século XIX no nosso país, e prolongou-se durante a
primeira metade desse século com as invasões francesas, as revoltas contra o
absolutismo, a guerra civil e posteriores guerrilhas.
Reportando-nos apenas ao período das
invasões francesas constatamos que no concelho da Moita a vida social e
económica foi afectada em todos os aspectos.
A situação de guerra em que o
país se encontrava obrigou a medidas que visavam fornecer os exércitos,
invasores ou aliados. Após a invasão, todos os indivíduos ficam sujeitos aos
imperativos da guerra. Era a rapina geral das populações que ficavam legalmente
obrigadas a suprir as necessidades militares. Assim, os estalajadeiros forneciam
a palha, o marchante a carne, o padeiro o pão, os lavradores e taberneiros o
vinho, e da mesma forma todas as outras actividades económicas.
A população sustenta ainda
regimentos militares aquartelados na vila, bem como organizações militares
locais, formadas por civis integrados na hierarquia militar, como as milícias e
as ordenanças, cujos oficiais, sargentos e praças eram nomeados pela Junta
Distrital sob proposta para ganhar.
Logo no ano de 1806 foi nomeado
capitão no Concelho da Moita, Veríssimo Ferreira Chaves, lugar que ocuparia
durante cerca de três décadas, cumulativamente com outros, desde Presidente da Câmara,
Vereador ou Almotacé, sendo por isso personagem central na política local neste
período. Em 1811 a Câmara propõe que seja nomeado no posto de Capitão-mor, não
obstante não ter ainda a patente, como refere o Auto, justificava-se porque
vive de uns bens e rendas cujo capital montaria a 40 000 cruzados e reside
nesta vila.
Outro aspecto que levava as
populações a uma generalizada miséria era a sobrecarga de impostos. Como
exemplo refira-se o caso passado em 1804 em que a Câmara solicitou que
entregassem donativos de livre vontade, livrando-se assim do que lhe fosse
imposto. Como ninguém aderiu a câmara obrigou a população a ir entregar as verbas
que ela própria estipulou, a casa do Juiz de Fora, para evitar refilices.
Após a expulsão dos franceses os
encargos militares aumentarão. A população está dependente do exército, são os
fornos a cozer biscoito, os carreteiros empregues na via militar do sul, os
barqueiros a fazerem as viagens gratuitas, os fazendeiros forçados a dar a
lenha, etc, inclusive fornecer trabalhadores para o reparo das fortificações.
A situação também implica
recrutamento de diversos corpos de soldados e marinheiros, tanto entre a
população da Moita como de outros concelhos, que ao dirigir-se para Lisboa
ficavam os encargos da sua condução à responsabilidade das Câmaras por onde
passavam. O mesmo se passava com os prisioneiros, sobretudo porque a grande
maioria se destina ao Limoeiro. Também neste caso, a câmara é responsável nos
limites do seu concelho. A Moita neste aspecto é sacrificada, como se entende.
Acresce que o número de prisioneiros neste período aumenta consideravelmente,
ocupando o Alcaide e o Porteiro neste trabalho.
A situação de guerra e ocupação
militar do país era difícil de suportar pelo que a expulsão dos franceses foi
motivo de regozijo, determinando a Câmara que todos os moradores fizessem
luminárias nas portas e janelas para comemorar o feito.
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