sábado, 12 de abril de 2014

Caramelos na freguesia da Moita. 1775-1850.

Caramelos na freguesia da Moita. 1775-1850.

Introdução
O último quartel do século XIX potenciou e intensificou um movimento demográfico que não mais parou. É caracterizado pelo aumento sistemático da população da vila e do próprio concelho por pessoas de diferentes origens. Implica que a população moitense seja maioritariamente composta por forasteiros que por sua vez implica que não é possível falar de cultura moitense ou então que a cultura moitense é uma miscelânea de muitas e diversas culturas. Era uma população profissionalmente diversificada onde predominam os marítimos e actividades relacionadas, assim como trabalhadores, jornaleiros, operários, artesãos, mas serão os comerciantes e proprietários que assumirão o controlo político e económico do concelho, como o caso das famílias Chaves ou Emaus, por exemplo.
Para a Moita veio gente de todos os cantos do país, desde logo de Lisboa e das localidades vizinhas mas também do Ribatejo, Alentejo, Algarve, Minho, Trás-os-Montes, Beiras, Galiza e outras províncias de Espanha, ou de outros países como Brasil, Itália ou Irlanda.
Significativo é o número de ilhéus, sobretudo das diversas ilhas dos Açores mas também da Madeira.
Outro grupo importante eram os homens pretos. As principais pessoas no final do século XVIII princípios do XIX possuíam escravos. E (sabe-se lá porquê) também existem homens pardos e mulheres pardas.
Também vive na Moita uma família cigana que o pároco regista depois do nome como o Sigano, e era proprietário de uma taberna.
Esta diversidade advêm do facto da Moita ser uma das vias de acesso ao sul do país, e, evidentemente, o inverso. A sua importância geográfica estava no auge. Era local de passagem de muitas gente incluindo estrangeiros e toda a vida económica da vila girava em torno do cais de embarque. O século XIX vai matar e enterrar essa importância, esta economia estava condenada até pela própria evolução científica, (por exemplo; a Companhia dos Carregadores dos Homens do Cais chegou e empregar algumas dezenas de carregadores, chegou o guindaste mecânico, dois ou três fazem o trabalho, chegou o guindaste elétrico, um chega e sobra. O transporte que era feito para o barco, às costas por vários homens, agora carrega-se num botão), a Moita será terra de agricultores. Os proprietários agrícolas serão em maior número, mais ricos, mais poderosos politicamente e nesta elite de maiores contribuintes, os caramelos, ou mais rigoroso, os seus descendentes, assumem papel determinante, enquanto os barcos vão começar a apodrecer na lama.

Moita terra de imigrantes
Até 1810, a Moita é uma terra cosmopolita. A diversidade da população atenua essa mesma diversidade. No caso concreto dos caramelos (considerando a zona entre Coimbra / Figueira, Aveiro / Viseu) isso também acontece. Nesse período o contingente caramelo foi quase exclusivamente masculino, que casava com mulheres locais, e pelo facto, obtinham a necessária integração na sociedade local e os descendestes nunca chega a ter qualquer relação afetiva com as terras de origem dos pais. Apesar de nesse período os caramelos serem já em maior número, exceto os ilhéus, este não é significativo e numa geração está diluído na população geral.
Após 1810 a migração para a Moita torna-se quase exclusivamente caramela. Os ilhéus desaparecem e de outras partes do país apenas em casos esporádicos. Agora vai tomando cada vez mais importância a população rural, em particular os Brejos, mas também a Broega e o Carvalhinho e depois os outros locais.
Este modelo de povoamento rural é provocado pelo forte surto migratório. Assim nestas novas zonas habitadas, os novos moradores tendem a ser todos da mesma região, incluindo familiares. As suas relações sociais são fechadas, no sentido em casam entre eles, da mesma região, os padrinhos são os parentes próximos. Já Sarilhos é completamente o oposto. Em Sarilhos as pessoas raramente casam com alguém da terra. A regra é casar com alguém de fora. A sua vida esta relacionada com a economia do Tejo e relacionam-se mais facilmente com outras comunidades ribeirinhas do que propriamente com o “interior” do seu próprio Concelho. Por isso aparecem naturais de diversos locais, desde logo das localidades mais próximas e de Lisboa, pelo que os caramelos que aqui se fixam são apenas mais “uns”, porque a maioria dos outros habitantes também não são naturais da localidade. Integram-se e desaparecem. Nos Brejos perpetuam-se as ligações naturais, filhos e filhas ou até netos e netas de caramelo voltam a casar com homens ou mulheres originariamente caramelos. Por isso, também tendem a manter os hábitos originais.

Origem
Pelo que se constata pelo quadro abaixo a localidade mais significativa de origem destas pessoas é Mira com mais de um terço do total, seguido da Arazede, Tocha e Cadima. Depois outras em menor importância como se constata. Verifica-se que este movimento migratório tem uma origem regional muito localizada, o que se poderá explicar pelas condições específicas da região em causa. Relembro que esta região era uma das mais populosas do país, como foi teatro privilegiado das guerras que assolaram toda a primeira metade do século XIX e provocaram verdadeiras atrocidades naquela população. Se toda a população portuguesa sofreu com as invasões francesas, as guerras civis e revoltas, esta região sofreu ainda mais porque viu o território diversas vezes ocupado e atravessado por exércitos que não poupavam a população. Ao contrário a Moita não passou (nem poderia) por tal experiência, pelo que para essas pessoas a Moita talvez parecesse o paraíso. Assim o facto de centenas (eventualmente milhares) de pessoas dessa região migrarem não só para a Moita como para outras freguesias vizinhas, terá a sua explicação, mais pelas condições particulares dessas mesmas regiões do que propriamente pelas condições que a Moita poderia oferecer.
Se até 1810 os caramelos são quase todos homens, depois desta data apesar de continuarem a serem em maior número, vão chegar também muitas mulheres, solteiras ou o casal. Como já referi até 1810 o número de caramelos não era significativo no contexto global das pessoas que se radicavam na Moita, depois desta data essa população caramela é efectivamente significativa, atingindo mais de 20% da população total, (contas por alto), e nas zonas rurais praticamente 100%, como nos Brejos. Apenas em termos comparativos com a vizinha freguesia de Alhos Vedros verifica-se que em trinta anos chegaram à Moita mais caramelos que em todo o século em Alhos Vedros. Acresce que desde a Fonte da Prata até ao Matão e zona direita do rio da Moita, (onde posteriormente se estabeleceu a estacão dos caminhos de ferro), a população aqui residente embora esteja ligada a Alhos Vedros nas obrigações religiosas, a sua actividade social e económica está relacionada com a Moita.


 Total de pessoas oriundas da região caramela
Local
Homens
Mulheres
Total





Mira
124
98
223
Tocha
29
26
55
Arazede
38
21
59
Cadima
29
20
49
Quiaios
16
12
28
Alhadas
9
7
16
Cantanhede
9
7
16
Vagos
6
6
12
Ferreira
4
4
8
Viseu
16
2
18
Lamego
5
1
6
Aveiro
12
4
16
Coimbra
19
12
31
Braga
4
1
5
Leiria
3
3
6
Sardoal
4
1
5
Galiza
11
1
12

Elaborado a partir dos dados obtidos nos livros de batismo e de casamento
Este quadro apresenta números aproximados. As dificuldades em obter dados exatos deve-se ao facto de haver lapsos temporais nos livros, por outro lado nem sempre os padres registam todos os dados das pessoas, acontece também que muitos dos nomes se repetem e nalguns casos não é possível determinar se são ou não as mesmas pessoas, e por fim, eu também me posso ter engano a ler ou a fazer as contas. Apesar de tudo, considerado como amostra, é um número significativo que nos permite tirar algumas conclusões.
Decidi incluir no quadro algumas localidades que não se inserem na zona caramela. Mas como são as mais significativas servem para realçar a importância relativa das localidades caramelas.
A estes deve-se acrescentar ainda aqueles que faleceram sendo solteiros e que publico em quadro próprio.


Local de fixação
Até 1810 é percetível que estes imigrantes preferiram fixar-se nas localidades do concelho. Desde logo a Moita, seguido de Sarilhos Pequenos e Rosário, embora já no final do século seja referida a existência de vários habitantes nos Brejos Novos.
Depois de 1810, apesar de continuar a ser a vila o local preferido é nos Brejos que a maioria destas pessoas se estabelece e a zona rural propriamente dita, ou aforada com essa finalidade é autenticamente colonizada por gente que se dedica à agricultura.
Todavia, até pelo número de pessoas que se fixam nos Brejos, é fácil perceber que não havia fazendas para todos. Ou seja, boa parte das pessoas que se fixam fora dos três locais urbanos do concelho, digamos, zona rural, seria trabalhadores jornaleiros, que viveriam em condições perto da miserabilidade. Mesmo na vila, as casas de morada de uma família, eram quatro paredes com meia dúzia de metros quadrados e chão de terra. Fora da vila qualquer cabana era local de morada e isto é válido tanto para os caramelos como para outros.
Até aí os caramelos ocupam-se em todas as atividades profissionais. Desde logo marítimos, (que problemas poderá causar a um homem habituado ao mar de Mira, o mar da Palha?) mas também comerciantes, trabalhadores, operários, caseiros. Vejamos o caso do Bronze: é referido como morador na Quinta do Matão, depois na Quinta da Fonte da Prata e mais tarde entre o Matão e a Fonte da Prata. Quer dizer, morava onde nós hoje chamamos o Porto do Bronze, e, este Porto, desde o início do século XIX é referido pela Companhia dos Cais, (que tinha o monopólio dos transportes de pessoas e géneros), queixando-se que o dito Bronze não só tomava fretes no dito Porto como autorizava outros a fazê-lo, cobrando por isso e nada pagando. As queixas foram-se repetindo ao logo de toda a metade do século o que significa que a actividade foi constante, eventualmente até aumentando na proporção em que a própria Companhia do Cais foi perdendo importância e poder. Quer dizer que o Bronze não se dedicou à enxada, procurou um meio mais lucrativo, optou por fazer um cais onde fosse possível atracar alguns barcos, eventualmente pequenos, e fazia transportes por conta própria. Desde que combinado com o passageiro, levava-o para outras localidades ribeirinhas sem encargos inerentes a essa ocupação. Da mesma forma carregava produtos necessários à agricultura como limos.
 Depois de 1810 são essencialmente trabalhadores e jornaleiros, gente que vem aqui parar como poderia ir para outro lado qualquer, em condições particularmente difíceis à qual muitos não resistiram, (sobre o assunto refiro-me no artigo, Morrer na Moita).

Distribuição das pessoas oriundas da região caramela, na freguesia da Moita
Moita
68
Brejos
55
Rosário
23
Sarilhos
22
Broega
15
Carvalhinho
10
Foros Capitão Mor
5
Borathé
5
Penteado
4
Chão Duro
4
Barra Cheia
3
Abreu
2
Carregueira
2
S. Sebastião
2
Pinhal da Areia
1
Esteiro Furado
1
Santa Rosa
1
Quadrado
1
Arrabalde
1
foros Novos
1
Quinta do Nazaret
1
Calcanhar
1

Quadro obtido a partir dos dados obtidos nos livros de batismo e casamento.
Devemos considerar que na maioria dos casos os registos não revelam o local onde as pessoas moravam, normalmente diz apenas que as pessoas em causa moram nesta freguesia, só cruzando dados dos diversos acentos de batismo, por exemplo, se consegue perceber onde as pessoas efetivamente moram. Assim, muitas das pessoas referenciadas não sabemos onde se fixaram.


Estas pessoas logo que se estabeleciam, (assim como a população em geral), estava sujeita às mais diversas contribuições e impostos. Numa população próxima da miséria, (toda a população), as obrigações e encargos com as mais diversas finalidades eram cobradas se necessário com violência ou o arresto dos bens dos devedores. Depois de 1810 as carências de dinheiro eram tantas que a Câmara rematava as Rendas Municipais em metros de calçada. Não podia pagar em dinheiro pagava em metros de calçada, foi assim que pela primeira vez se começou a calcetar a vila. Acresce as obrigações religiosas que não eram menores. Vejamos um apontamento feito nos livros de óbitos, que nos dão a ideia das obrigações a que a população estava sujeita:

O referido Jazigo de José Ribeiro, que fica lavrado acento na
folha retro, que são seis tostões, foram entregues ao Tesoureiro
desta Igreja, para descontar, a despesa dos Santos Óleos, e Pal-
mas dos Ramos, que ele não quis pagar ao fabriqueiro António
da Rosa, cujas despesas, importam em  mil duzentos
e oitenta reis e recebeu a conta o dito Tesoureiro Francisco Pinheiro
Baião, seis centos reis do referido jazigo – que diz lhe pertence
dos Santos Óleos, e condução oito tostões, e de Palmas, ou
Ramos do Dia Domingo de Ramos, quatro centos e oitenta
reis, e para constar, que o dito Tesoureiro Francisco Pinheiro Bai-
ão recebeu os seis centos reis, digo para constar que o dito Tesou-
reiro Francisco Pinheiro, recebeu seis centos reis do referido
jazigo, fiz a presente clareza, que assinou com migo
O Prior José Francisco da Costa Lobo encomendado
Não está datado mas será de cerca de 1818. Está no livro que termina em 1824 e insere-se temporalmente no período em que o padre referido está em funções.

Para além das obrigações referidas neste documento a população estava obrigada a pagar para todas as festas e cerimónias religiosas que se efetuavam, para além das costumeiras como na Páscoa, Natal, festas a Nossa Senhora e a diversos Santos outras ocasionais como as procições, (em que pagavam as pessoas individualmente e também a Câmara a 1200 Reis cada), pelas mais diversas razões. Ou porque chovia muito, ou porque havia seca, ou ainda porque uma rainha teve um menino, ou porque o rei faz anos, etc, etc, as procições eram imensas ao longo do ano, por vezes várias por semana, que eram pagas evidentemente.

Quem são os Caramelos?
O termo caramelo surge nos livros de óbitos em 31 ocasiões. Desde logo as pessoas só são caramelos quando morrem. Quando casam ou batizam os filhos ninguém é caramelo, não há um único registo de casamento ou batismo em que o termo se aplicado.
Analisando estes 35 acentos, podemos dizer: 11 são solteiros, 6 são casados, mas apenas 3 casais são apelidados como caramelos, nos outros 3 são apenas os homens. Nos restantes casos seriam também solteiros ou sem família conhecida.
Nos casos em análise as pessoas referidas são originários de Mira, Aveiro e Tocha. Os caramelos seriam então os naturais desta região.
Também se percebe que estavam distribuídos por vários locais do concelho, embora o maior número se fixasse na Moita e nos Brejos. A actividade profissional referida é a de caseiro, em várias quintas.
Significativo é o facto de em 8 situações não referir o nome da pessoa sepultada, num dos casos o padre diz mesmo que não se sabe o nome. Outras vezes diz tratar-se de um caramelo chamado fulano ou beltrano, sem outra qualquer referência.
Em geral, o caramelo, é originário da região referida, e como referi no trabalho sobre os caramelos em Alhos Vedros, e agora reafirmo, são pessoas de baixa condição social, anónimas, (alguns foram sepultados sem se saber o nome), e mesmo socialmente marginalizados. Se eventualmente se refugiasse na Moita um médico ou um juiz seria tratado por caramelo? É claro que não.
O caramelo é o mais pobre dos pobres, pois para além da pobreza material, são pessoas que vieram abandonadas e assim viveram. A própria forma como são tratados nos registos de óbitos, revela a pouca consideração em que eram tidos.

1
Aos vinte e três dias do mês de Dezembro de
mil setecentos e noventa e um ano nesta vila
da Moita dentro da igreja Matriz da mesma se
deu a sepultura a um menino por nome João
menor filho de Manuel dos Santos Caramelo assistente
na fazenda de Ana da Purificação (______)
da Costa desta mesma  vila e que fiz o presente acento
que assinei era ut supra
O Pároco Joaquim José Rodrigues
2
Aos quinze dias do mês de Janeiro de mil
setecentos e noventa e três anos nesta fregue-
sia de Nossa Senhora da Boa Viagem da vila
da Moita dentro do cemitério da mesma Matriz
se deu a sepultura a um homem que se achou morto
no sítio de Nossa Senhora do Rosário por nome João da
Cruz Caramelo solteiro filho de que se diz ser de António da
Cruz e de Maria ______  natural do lugar de Ca
rromeu  freguesia de São Tomé de Mira Bispado de
Coimbra de que fiz o presente acento que assinei era
ut supra
O Pároco Joaquim José Rodrigues
3
Aos quatorze dias do mês de Novembro de
mil setecentos e noventa e cinco anos nesta
freguesia de nossa Senhora da Boa Viagem des-
ta vila da Moita dentro do cemitério da igre-
ja Matriz da mesma de seu sepultura a um
caramelo chamado Manuel Francisco por alcunha
o Sebola que se diz ser solteiro natural das
partes e Bispado de Aveiro de que fiz o pre-
sente acento que assino era ut supra
O Pároco Joaquim José Rodrigues
4
Aos quinze dias do mês de Janeiro de
mil setecentos e noventa e nove anos nes-
ta freguesia de Nossa Senhora da Boa Viagem
da vila da Moita dentro da Matriz da
mesma se deu sepultura a um caramelo
que faleceu em casa de António Ribeiro cujo se cha-
mava José dos Santos Delgadinho solteiro filho
de José Francisco dos Santos e de Joana natural da
freguesia de São Tomé de Mira Bispado de Aveiro
de que fiz o presente termo que assino dia era
ut supra
O Prior Joaquim José Rodrigues
5
Aos dias doze de Novembro de mil oitocentos e três
dentro do cemitério da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Boa
Viagem da Vila da Moita se deu sepultura a Joaquim
Manuel, filho de António Gomes assistente nos Brejos re-
cebeu todos os Sacramentos de que fiz o presente termo que assino
era ut supra.
O Prior Joaquim José Rodrigues
Na margem: Joaquim Manuel filho de António Gomes Caramelos. Grátis.
6
No mesmo dia acima declarado no mesmo cemitério se deu
também a sepultar a Maria filha do mesmo pai acima
declarado e a mãe também defunta de que fiz o presente termo
que assinei dia era ut supra
O Prior Joaquim José Rodrigues
Na margem: Brejos. Maria menor filha dos sobreditos. Grátis
7
Aos vinte e seis dias do mês de Maio de mil
e outo centos e quatro anos em esta Freguesia
de Nossa Senhora da Boa Viagem da vila da Moita
e dentro da mesma foi sepultado José Pinto
casado que era com Joana Ribeira
Caramelos recebeu os Sacramentos de que
se lavrou o presente termo que assinei dia
era ut supra
O Prior Custódio José de Andrade
8
Aos vinte e quatro dias do mês de Outubro de
mil oitocentos, e quatro se deu a sepultura
dentro desta igreja de Nossa Senhora da Boa
Viagem da vila da Moita a Teodósio Fran-
cisco solteiro caramelo, e recebeu todos os Sa-
cramentos, enão fez testamento, e para cons-
tar fiz este acento era ut supra
O Prior Custódio José de Andrade
9
Aos trinta dias do mês de Outubro de mil
oitocentos, e quatro em esta freguesia de
Nossa Senhora da Boa Viagem da vila
da Moita se deu a sepultura dentro da
mesma igreja a Manuel Machoqueiro
Caramelo solteiro, e recebeu todos os Sacra-
mentos, e para constar fiz este termo era
ut supra.
O Prior Custódio José de Andrade
10
Aos trinta, e um dia do mês de Outubro
de mil oitocentos, e quatro em Sam Pedro
de Sarilhos Pequenos Capela desta fregue-
sia de Nossa Senhora da Boa Viagem da
vila da Moita se deu a sepultura
a Joaquina Rosa mulher de António
Balceiro Caramelo, e recebeu tos os sacra-
mentos, e para constar fiz este termo
era ut supra.
O Prior Custódio José de Andrade

11
Aos quinze de Janeiro de mil oitocentos e nove nes-
ta Paroquial de Nossa Senhora da Boa Viagem
da vila da Moita se deu a sepulta Bernardo
Caramelo, de que fiz este acento era ut supra.
O Prior Custódio José de Andrade

12
Aos dez dias de Dezembro de mil oito cen-
tos e dez anos nesta Vila de Alhos Vedros
da freguesia Matriz de S. Lourenço desta
mesma vila foi sepultado um caramelo
que se chamava segundo dizem algumas
pessoas da sua terra Domingos de alcunha o
bixo, o qual faleceu repentinamente nesta
mesma vila de moléstia que o privou
da fala e sentidos, e por isso recebeu tão
somente o Santo Sacramento da extrema
unção: do que tudo para constar fiz este
termo que assinei
O Reverendo Filipe Gomes Monteiro de Barbuda
13
Em quinze de Janeiro de mil oitocentos e nove nes-
ta Paroquial de Nossa Senhora da Boa Viagem
da vila da Moita se deu a sepultura Bernardo
Caramelo, de que fiz este acento era ut supra
O Prior Custódio José de Andrade
14
Em vinte de Maio de mil oito centos e dez se deu sepul-
tura nesta Paroquial de Nossa Senhora da Boa Vi-
agem da vila da Moita um caramelo chama-
do José Feio de que fiz este acento era ut supra
O Prior Custódio José de Andrade
15
Em vinte de Junho de mil oito centos e doze neste
cemitério de Nossa Senhora da Boa Viagem da
vila da Moita se deu a sepultura um carame-
lo que morreu em casa do Pascoal, de que fiz este
acento era ut supra
O Prior Custódio José de Andrade
16
Em quatorze de Julho de mil oitocentos e doze
nesta Paroquial de Nossa Senhora da Boa Viagem
da vila da Moita se deu a sepultura um cara-
melo e ter se olvidado do enterro Manuel Mar-
garido e morreu em casa onde morou Antó-
nio Ribeiro, de que fiz este acento era ut supra
O Prior Custódio José de Andrade
17
Em treze de Novembro de mil oitocentos e doze no cemitério da
Paroquial de Nossa Senhora de Boa Viagem da vila da Moita
se enterrou um caramelo que morreu nos Brejos que não
se sabe o nome, de que fiz este acento era ut supra
O Prior Custódio José de Andrade
18
Em vinte e oito de Fevereiro de mil oitocentos e treze no cemité-
rio de Nossa Senhora da Boa Viagem, digo na igreja de Nossa Se-
nhora da Boa Viagem da vila da Moita, se deu a sepul-
tura um caramelo que morreu na vinha do Maltez
de que fiz este acento, era ut supra
O Prior Custódio José de Andrade
19
Em oito de Abril de mil oitocentos e treze, no cemitério
desta Paroquial de Nossa Senhora da Boa Viagem
da vila da Moita se deu a sepultura a Joaquim que
morreu na fazenda de Lourenço Maria Libério, de que fiz
este acento era ut supra
O Prior Custódio José de Andrade
na margem: Joaquim Caramelo
20
Aos nove dias do mês de Janeiro de mil oito
centos e quatorze no Adro da Freguesia
Matriz de São Lourenço desta vila de Alhos
Vedros foi sepultado António Francisco,
Caramelo; que declararão ser casado
com Jacinta que por sobre nome não per-
ca, e natural do Ramalheiro Freguesia
de São Tiago de Mira, Bispado de
Aveiro: faleceu repentinamente na
Fazenda chamada do Inglês, termo des-
ta vila, sem receber Sacramento al-
gum, e sem testamento: do que para
constar, fiz o presente termo que
assinei.
O Reverendo Filipe Gomes Monteiro de Barbuda
21
Aos vinte e seis dias de Dezembro de mil oitocentos, e
quinze se deu a sepultura no cemitério de Nos-
sa Senhora da Boa Viagem da vila da Moita
um caramelo que veio de Coina para o Hos-
pital que teria quinze anos pouco mais ou
menos, e morreu de repente chamado Manuel
do lugar das Achadas freguesia da Atocha filho de
Manuel da Silva Galito, e Estefanilha Ribeira de
que fiz este acento era ut supra
O Prior Custódio José de Andrade
22
Em trinta de Novembro de mil oito centos e dezoito, no cemité-
rio desta freguesia de Nossa Senhora da Boa Viagem da
vila da Moita se deu a sepultura um caramelo chama-
do João da Cunha, de que fiz este acento, era ut supra.
O Prior Custódio José de Andrade
23
Aos oito dias do mês de Agosto de mil oitocentos e dezanove anos
na ermida de Sam Pedro de Sarilhos desta freguesia de Nos-
sa da Boa Viagem da vila da Moita se deu a sepultu-
ra uma caramela chamada Maria de Miranda mulher de Iná-
cio Francisco, e recebeu todos os sacramentos, de que fiz este acento era
ut supra.
O Prior Custódio José de Andrade
na margem: Maria de Miranda mulher de Inácio Francisco ou Maria Páscoa.
24
Aos dezassete dias do mês de Abril de mil oito-
centos, e vinte e um anos nesta Paroquial de Nossa Senhora
da Boa Viagem da vila da Moita foi sepultado
Manuel Gomes, Caramelo solteiro natural
de São Tomé de Mira Bispado de Aveiro; filho
de José Gomes, e de Maria de Miranda, da mesma freguesia
de que fiz este acento que assinei.
O Pároco Encomendado João António Soares
25
Ao dezoito de Abril de mil oitocentos e vinte e dois
nesta Paroquial da vila da Moita, foi sepultado Ale-
xandre menor, filho de Manuel da Cunha Caramelo, e de Maria
Rosa, assistentes nesta freguesia, de que fiz este acen-
to, que assinei.
O Pároco Encomendado João António Soares
26
Aos trinta dias do mês de Julho de mil oitocentos
e vinte e três nesta Paroquial igreja de nossa
Senhora da Boa Viagem da vila da Moita deste
Patriarcado, passou da vida presente para a futu-
ra Francisco de Morais Caramelo, filho de Quitério
Morais, e de Maria Cardosa solteiro morador nesta
mesma vila, recebeu somente o sacramento
da Extrema Unção por que foi morte quase repen-
tina por lhe rebentar uma portema: foi sepul-
tado dentro desta Paroquial igreja, não fez testa-
mento por não de que dispor, de que para constar fiz este
termo. Vila da Moita 3 de Agosto de 1823.
O prior Encomendado José da Conceição Melo
27
Aos dois dias do mês de Outubro de mil oitocentos
e vinte e quatro nesta Prioral igreja de nossa Se-
nhora da Boa Viagem da vila da Moita passou
da vida presente para a futura Maria filha
menor de José Francisco Caramelo, e de Teresa
Rosa moradora nesta vila; foi sepultada
dentro desta Prioral igreja de que para constar
fiz este termo. Vila da Moita dia mês e ano
era ut supra.
O prior José da Conceição e Melo
(A 29-10-1824, faleceu outra filha, chamada Rosa. O acento é praticamente igual.)
28
Aos dezoito dias do mês de Janeiro de mil oitocentos
e vinte e cinco nesta Prioral igreja Matriz de nossa
Senhora da Boa Viagem da Vila da Moita fale-
ceu Manuel filho menor de Manuel Joaquim Caramelo
e de Ana dos Santos moradores nos li-
mites desta vila foi sepultado dentro desta
Prioral igreja de que para constar fiz este
Termo vila da Moita dezassete de
Fevereiro ano era ut supra.
O prior José da Conceição e Melo
29
Aos dezoito dias do mês de Fevereiro de mil oitocentos e
vinte sete nesta Prioral igreja de nossa Senhora da
Boa Viagem da vila da Moita faleceu Manoel
Francisco solteiro caramelo, morador nesta freguesia
não recebeu sacramento algum por morrer repenti-
namente, e foi sepultado nesta Prioral de que para constar
fiz este termo Moita dia mês ano era ut supra.
O prior José da Conceição e Melo
30
Aos dez dias do mês de Março de mil oitocentos
e vinte nove nesta Prioral igreja de Nossa
Senhora da Boa Viagem da vila da Moita faleceu
Francisco Ribeiro casado com Maria
Seixas morador nesta mesma freguesia
recebeu todos os Santos Sacramentos
e foi sepultado dentro desta Prioral igreja
de que para constar fiz este termo Moita dia
mês ano era ut supra.
O prior José da Conceição e Melo
(na margem; Francisco Ribeiro Caramelo)
31
Aos nove dias do mês de Março de mil oito-
centos e trinta dentro desta Prioral igreja
de Nossa Senhora da Boa Viagem da vila
da Moita foi sepultado o corpo de um
anjinho chamado Gertrudes filha
natural de José Teixeira Caramelo
e de Joaquina do Rosário solteiros
moradores nesta mesma vila
de que para constar fiz
este termo Moita dia mês, ano era
ut supra.
O prior José da Conceição e Melo
32
Aos vinte e quatro dias do mês de Abril de mil
oitocentos e trinta dentro da Prioral igre-
ja de Nossa Senhora da Boa Viagem da vila
da Moita foi sepultado o corpo de Maria
dos Santos casada com José Francisco
caramelos moradores nos Brejos desta
vila recebeu todos os Santos Sacramen-
tos não fez testamento de que fiz este
termo Moita dia mês ano era ut supra.
O prior José da Conceição e Melo
33
Aos oito dias do mês de Setembro de mil oito
centos e trinta dentro desta Prioral  Igreja
de Nossa Senhora da Boa Viagem da vila
da Moita foi sepultado corpo de Amaro
Pascoal solteiro filho legítimo de João
Pascoal, e de Rosa Maria caramelos mo-
rador nos Brejos da Agoa Doçe termo des-
ta mesma Vila recebeu todos os Santos
Sacramentos de que fiz este termo. Mou-
ta dia mês ano era ut supra
O prior José da Conceição e Melo
34
Aos dezasseis dias do mês de Setembro de mil
oitocentos e trinta no cemitério desta
freguesia de Nossa Senhora da Boa Viagem
da Vila da Moita foi sepultado o corpo de
Manuel João solteiro caseiro que foi de Maria
Eugénia morador nesta mesma vila e
Freguesia era Caramelo, não recebeu se-
não  o Sacramento da extrema Unção por
estar em continuado delírio não fez
testamento de que fiz este termo Mouta
dia mês ano era ut supra.
O prior José da Conceição e Melo
35
Aos vinte e sete dias do mês de Dezem-
bro de mil oitocentos e trinta den-
tro desta Prioral Igreja de Nossa
Senhora da Boa Viagem da Vila da Mou-
ta foi sepultado o corpo de Tomé
Caramelo chamado José Carromeu
Solteiro filho legítimo de Manoel
Jorge Neto e de Mariana Gomes mo-
rador nesta mesma Vila e Freguesia
recebeu somente o Sacramento da
Extrema Unção por ser logo privado
da fala de que fiz este termo Moita
quatro de Janeiro de mil oito
centos e trinta e um

O prior José da Conceição e Melo