segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Motivos e razões dos fundadores do C. R. I.


Motivos e razões dos fundadores do C. R. I.

 A fundação do C.R. I. surge numa conjuntura concreta da História portuguesa e enquadra-se nas motivações políticas e ideológicas da maçonaria. Por todo o país foram criadas centenas de instituições com objectivos similares. Na Moita também existiu clube de idêntico propósito.

Este enquadramento detecta-se, numa análise sumária, em quatro aspectos.

Desde logo, pelos fins a que se propõe; propagar a instrução literária e educativa, por meio da escola, da conferência e do livro, conforme estipulava o 1º artigo dos estatutos.

Por outro, pelas actividades que nos anos pós fundação se desenvolveram; escola primária, cursos nocturnos para adultos, aulas de piano, jornal Oriente, biblioteca, teatro, jogos desportivos, bailes, variedades, saraus, conferências…

Também pelas razões que os fundadores e primeiros directores disseram sobre as suas motivações. Vejamos só para exemplo; “a instrução faz de um animal um homem”, “a instrução irradia a luz que há-de tornar mais perfeita a consciência humana”, “a instrução é a grande alavanca que transforma o mundo, tornando-o mais perfeito do que o que saiu das mãos do Criador bíblico; ela desfaz erros, aniquila déspotas, implanta a liberdade”. Nesta prespectiva, em que a instrução é a luz que pela razão leva à verdadeira condição humana, os primeiros directores consideravam-se “os amigos da luz”, aqueles que “queriam levar a liberdade a todos”, encarando esta missão como a mais nobre de todas, juravam “lutar toda a vida para cumprir o dever sagrado de que a luz fosse distribuída a todos”.

Por fim, nas relações cordiais ou elogiosas para com outras instituições ou particulares. Assim, eram frequentes os contactos com a Sociedade do Livre Pensamento de Lisboa, a Luz do Norte do Porto ou a Sociedade de Geografia que disponibilizavam oradores e meios para sessões comemorativas e conferências, como António Macieira, Magalhães Lima ou Trindade Coelho que são referidos como doadores do Clube.

A importância deste Clube na vida social da época é perceptivel se nos lembrarmos que Alhos Vedros não tinha luz electrica, água canalizada, telefones, correios, estradas alcatroadas e também não tinha escola nem professor permanente. Assim, a população era em geral analfabeta e as cerca de 500 crianças em idade escolar não tinham qualquer instrução. Por isso, as práticas juvenis nas primeiras décadas do século eram efectivamente degradantes, como é referido várias vezes no Oriente, e faço referência em artigo próprio que pode consultar neste blogue.

 

Jornal Oriente, Dezembro de 2000.

 

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