Edifício Municipal
O edifício municipal do nosso concelho andou por diversos locais até se fixar no local onde hoje o conhecemos.
A obra deveria ficar concluída no ano de 1873, mas logo em agosto, não se viam materiais que levassem a Câmara a crer que a obra corria o seu curso regular.
Como se aproximava o inverno e receavam que as primeiras chuvas, danificassem a obra com graves prejuízos para o município, deliberou a câmara, pedir as mais sérias explicações ao empreiteiro. Este desculpa-se com a falta de pedra e pede a prorrogação do prazo até Outubro, mas a câmara não aceita e responsabiliza-o pelo atraso.
No mês seguinte aconteceu o pior. Abateu o arco que deveria sustentar a parede do andar superior do novo edifício dos paços do concelho. Este problema obriga a nomear peritos para vistoriar o acontecido, concluindo que o arco tinha a dimensão e espessura marcados na planta e se achavam construídos com a solidez requerida, bem como as fundações. Assim o empreiteiro não é culpado pelo desmoronamento e a câmara mandará reconstruir o referido arco à sua custa.
Apesar do empreiteiro receber as prestações definidas no contrato, a câmara concluiu que este não podia acabar a obra no prazo estipulado, pelo que rescindiu o contrato ficando o resto da obra por administração directa, pagando o empreiteiro o semestre de renda da casa onde então funcionava o edifício municipal e despesas com inspecção da obra.
Ainda nesse ano de 1873 os documentos informam sobre a continuação da obra, mas na última sessão da câmara, desse ano, o director técnico afirma que a cadeia não tem condições higiénicas, o que obriga a mais obras. Abrir janelas nas prisões e soalhar e forrar a do lado direito, e ainda, abrir uma porta para trás para ficar independente do resto do edifício.
O novo edifício coloca outras questões:
Logo em Janeiro do novo ano de 1874, a câmara afirma que a obra está quase concluída e propõe para maior lustre desta localidade que prosperava a passos gigantescos se desse à praça… até hoje… do Pelourinho, se nomeasse Praça Príncipe D. Carlos. Pedida autorização foi concedida em Maio.
O novo edifício é também arma política. Em meados do ano o governo civil pergunta à câmara se julga conveniente continuar na circunscrição judicial actual ou se é modificada e de que modo. A câmara responde dizendo que a sede da comarca devia ser na Moita, porque tem estação de caminho-de-ferro, está na parte mais central da comarca e porque é o único concelho que está habilitado de edifício próprio para Paços de Concelho, tribunal e cadeia. Não resultou porque a sede da comarca continuou em Aldeia Galega, mas foi bem jogado.
Três meses depois a câmara afirma que faltava construir as tarimbas e que o edifício seria inaugurado oportunamente. No mês seguinte, em virtude da cadeia velha estar em mau estado e os presos serem transferidos, acelerou o processo de construção da nova cadeia. Na mesma altura começa a funcionar a sala do tribunal, apesar de ainda faltar a pintura.
A inauguração do edifício municipal, inaugura também as preocupações urbanísticas na vila da Moita. Logo em 1875 decide a câmara tomar medidas para eliminar uma regueira cheia de inundicias que passa frente ao edifício municipal, proveniente dos prédios contíguos e reconstruir a estrada.
No ano de 1878 é mandada calcetar a praça da vila. O calceteiro foi Romualdo da Costa, pelo preço de 100 Rs / m2, dando a Câmara a pedra.
Começam a ser plantadas árvores com regularidade, começando pelas praças principais.
A iluminação com candeeiros nas esquinas do edifício e no largo circundante, que foram alargando às ruas principais e largos.
Desde o início o novo edifício ou parte dele foi solicitado para as diversas actividades municipais como para a cobrança de impostos ou outras, como o caso em que José Félix Cabanas, Presidente da Sociedade Tauromáquica, que pediu casa no edifício dos Paços do Concelho para alojar o destacamento que iria fazer o policiamento da praça na tourada.
Também, o enriquecimento e dignidade que os quadros dos reis de Portugal dão à sala de sessões da câmara foi aproveitado. Diz a acta de 16/5/1875; Salvador José Cantante, proprietário neste concelho, pagou com a maior energia e boa vontade pela aquisição de uma colecção de quadros dos reis das quatro dinastias na Academia de Belas Artes, mais adiante acrescenta, não se poupando a incómodos e fadigas para auxiliar valiosamente a Câmara nesta aquisição que por sua intervenção se levou a efeito.
No ano seguinte é a professora do sexo feminino a solicitar a sala de sessões para fazer exame a cinco meninas mais adiantadas. Esta solicitação tornou-se hábito e os exames das escolas primárias do concelho começaram a ser feitos no edifício municipal.
Gosto muito de ler as suas crónicas mas depois quero saber mais, será que tem respostas às minhas questões?
ResponderEliminarQuando foram iluminadas as ruas da vila e a construção da Central Eléctrica,
qual a sua história?
https://alhosmoitavedros.blogspot.com/2012/03/iluminacao-publica-na-moita.html
ResponderEliminara construção da central eléctrica é já do século XX. Só informações soltas.
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