domingo, 4 de março de 2012

A escola da Junta de Alhos Vedros

A escola da Junta de Alhos Vedros

O processo de construção da escola da Junta inicia-se em 1928, quando a Junta de Freguesia toma conhecimento de um legado deixado por Vicente Coelho Moreia, que obriga o seu testamentário e sobrinho Dr. Moreira Júnior, a construir uma escola de ambos os sexos, em Alhos Vedros.
Analisando a planta o executivo da junta achou-a insuficiente e acanhada, decidiu pedir ao senhor Moreia Júnior no sentido de ampliá-la com mais salas e restantes compartimentos. Não aceitou, antes declarou que, não fazia mais nada, além do que estava e que não mandava ratificar mais nada.
Em Dezembro de 1928, a junta de freguesia aceita a disposição testamentária do referido Vicente Coelho Moreira: Para benefício da terra de meus pais, a qual como acima declarei é Alhos Vedros, em atenção e homenagem à memória deles, encarrego o meu testamenteiro Dr. Moreira Júnior, de mandar construir na dita vila, uma escola modesta, para os dois sexos e para esse fim deixo 5000$00 livre de qualquer contribuição, e marco o prazo de dois anos para cumprimento deste legado. Concluída que esteja a dita escola será esta entregue `junta da paróquia da mesma vila, e se porém a Junta da Paróquia não quiser aceitar a escola seu sobrinho e testamenteiro dará ao respectivo edifício o destino que melhor lhe parecer, sem que fique com o mais pequeno encargo. Delibera então fazer-se representar na escritura, para aceitar a doação da escola e bem assim do terreno em que está construída. O terreno acaba por ser doado pelo sobrinho, ficando assim a vontade do testamenteiro muito além da sua determinação, como homenagem do meu muito respeito e veneração pela sua memória.
No mês seguinte, depois da escritura feita, foi feita sentir ao senhor doutor Moreia Júnior… que a escola não está nas devidas condições, pois que as janelas não possuem porta interior o que é uma grande falta e uma imoralidade atendendo a que tudo se vê cá de fora, principalmente à noite com luz lá dentro. Este acedeu, a forrar os vidros… como tem no seu consultório. Mas não conseguiu demove a que o doutor mandasse fazer as portas.
Logo em Janeiro de 1929 se projecta a inauguração do edifício, manifestando a intenção de convidar para o efeito o Dr. Moreira Júnior. As pessoas oficiais da administração do concelho e câmara municipal, todas as colectividades especialmente a sociedade filarmónica a quem se pedirá o seu valioso concurso para assim abrilhantar a festa. Em Fevereiro é anunciada a inauguração para Março, como o Dr. Moreira Júnior não podia no dia aprazado, alterou-se para 31 último dia do mês. A urgência na inauguração justificava-se porque permitiria à câmara poupar o segundo semestre de renda da casa onde funcionava a escola do sexo masculino, dando ainda tempo para se mudar o mobiliário, argumentava a junta.
A escola acaba por ser inaugurada a 28 de Abril e ficou registado no livro de actas: teve lugar a inauguração solene do novo edifício escolar, tendo comparecido todas as entidades convidadas, achando-se tudo reunido na estacão dos caminhos de ferro, esperando a chegada dos comboios, dos quais desembarcaram o Ex. Sr. Dr. Manuel António Moreira Júnior, o Administrador do Concelho, Presidente e Vereadores da Câmara Municipal da Moita a Sociedade Filarmónica tocou o hino nacional, e depois dos cumprimentos do estilo, foi organizado com os alunos das escolas oficiais dos dois sexos e todas as mais entidades um imponente cortejo que seguiu abrilhantado pela Sociedade Filarmónica, da estação até ao novo edifício que se encontrava muito bem ornamentado onde teve lugar a sessão solene. Ocasião para o Presidente da Junta ler um resumo das deliberações tomadas e convidar a filha do falecido Moreira para o secretariar, seguiram-se animados e entusiásticos discursos… principalmente o do senhor Moreira Júnior… muito sensibilizado agradeceu a brilhante recepção que lhe foi feita… deu 500$00 para os pobres necessitados.
Nos meses seguintes junta e câmara entram em disputa pela posse das portas envidraçadas que o inspector da Junta Escolar havia mandado retirar. A câmara pede à junta as ditas portas porque lhe são precisas, a junta resolve não atender porque nada lhe pertence. O assunto leva a câmara a enviar um ofício à junta onde escreve que a junta não pode apoderar-se de objectos pertencentes à Câmara sem autorização da mesma. As vidraças que foram retiradas da escola doada à Junta, e por esta no acto de inauguração entregue a esta Câmara, são pertença da mesma Câmara em virtude de sofrer uma modificação mandada fazer pelo Exmo Senhor Inspector… em que a Câmara gastou dinheiro sem a qual… não podia funcionar. Diga dia disponível para mandar buscar as vidraças.
Dispôs-se o Presidente da Junta a ir pessoalmente à Moita, a fim de que o Presidente e Câmara leia e se convença de que o edifício escolar pertence à Junta e não à Câmara. Este depois de ler e ainda depois de termos os dois uma grande discussão… pediu para deixar ficar a escritura para estudo. Passados quinze dias a junta obteve a resposta, Câmara só tem de despender verba com limpeza. Conservação a cargo da Junta… modificações orçadas em 221$00, queira mandar entregar na tesouraria da Câmara…

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