domingo, 4 de março de 2012

A juventude em Alhos Vedros. 1922.


A juventude em Alhos Vedros. 1922.


        O director do Oriente de 28. 5. 1922, dá-nos uma imagem degradante da juventude da época. Afirma que as crianças mal conseguem equilibrar-se, andam pelas ruas sem protecção e sujeitas a todos os perigos. Quando mais crescidos, divertem-se a apedrejar os ninhos de andorinha, partindo beirados e telhas, janelas e candeeiros, e por vezes, atingem os transeuntes.
        Guerreiam por motivos fúteis e mesmo sem motivo, acompanhando a briga com obscenidades infames, para gaúdio e diversão dos adultos.
        Ainda de calção, fumam sem preocupações nem procurando esconder. Formam rodas nos largos, ruas e portais mais recônditos para jogar à batota, disputando botões e outras bugigangas. Quando mais crescidos, escondem-se atrás dos muros da praça, dos valados e até dentro das pocilgas, para jogarem a dinheiro, sendo explorados pelos mais velhos ou mais argutos.
        Da mesma forma se banham, em completa nudez, no cais e no açude do moinho, o que era uma falta de decoro, considera o director do jornal.
        Por último, entendendo tratar-se da situação mais grave, diz que vão para a taberna beber vinho, fumar e jogar de parceria com os adultos que os exploram e depravam. Conclui, por isso, que logo ao despontar da meninice se iniciam no vício e na depravação, sendo triste ver que em resultado de tão criminosa educação, os professores tem de se conter por medo aos alunos, chegando ao cúmulo de haver quem injurie e agrida os próprios pais. Mostra-se indignado por a lei não admitir jovens como sócios das colectividades enquanto estão isentos de entrar nas tabernas.

Oriente. Fevereiro de 1999.

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