domingo, 4 de março de 2012

A sede da Junta


A sede da Junta

 Uma das consequências imediatas da revolução republicana de Outubro de 1910, foi a ataque à igreja e aos bens religiosos.
Em Alhos Vedros teve expressão prática na ocupação da igreja, expropriação e posterior venda em leilão dos bens, móveis e imóveis, tanto da igreja matriz como das instituições agregadas, irmandades, confrarias, capelas, etc.
A sala onde se efectuavam as sessões da Junta de Freguesia que de época imemorial, sempre foi das reuniões da extinta Irmandade do Santíssimo… que depois passou a ser das reuniões da Junta, onde sempre tem reunido e feito vários melhoramentos é devolvida à igreja por ordem do Administrador do Concelho, em março de 1932.
Os diversos argumentos apresentados pela Junta de Freguesia não demoveram o Administrador do Concelho nem os representantes da igreja.
A Junta ao sair da igreja, fica sem sala onde reunir, nem ter rendimentos para pagar a renda de casa própria, por isso o presidente propõe que se abandonasse e entregasse tudo. Já o vogal propunha que se fizesse um inventário de todo o mobiliário e mais utensílios. Venceu a proposta do presidente.
Na sessão seguinte o presidente afirma que só ele assistiu á entrega da sala da Junta à comissão do culto, conferida pelo Administrador do Concelho, capitão Luís Costa, e que nesse acto fez várias propostas para que a Junta continuasse até arranjar casa própria, mas nada conseguiu. Antes foi intimado verbalmente a entregar as chaves.
Diz depois que fez dimarches para conseguir encontrar casa própria. Decidiram alugar uma casa a José Custódio Cabrita, pela renda mensal de setenta escudos, mandando a junta abrir uma porta para o exterior e fechar outra para o interior. A despesa foi orçada em 400$00, mais 200$00 para a mudança. Como não havia dinheiro decidiram que deviam pedir ajuda. Já o tesoureiro propunha uma solução mais radical. Defendia que se comissão cultual quisesse a sala assoalhada, terá de indemnizar a junta em 350$00, caso contrário arrancar o soalho todo. Não foi aprovado. Deliberaram mandar arrendar a casa referida a partir de Abril.
Assim a junta tratou de arranjar pedreiro, cuja despesa era de 150$00. Depois de convidar vários carpinteiros mecânicos do Barreiro a meter proposta para fazer a porta… a mais favorável foi de Virgílio Pereira Júnior, por 250$00.
A junta não tem dinheiro para fazer face a estas despesas. Propôs-se pedir ajuda à Comissão Geral do Distrito, depois levantar a receita da contribuição directa… 3% sobre as contribuições gerais do estado, a que tinham direito… não obtiveram resultado. Matéria para outra estória.
A igreja, em Alhos Vedros, com a implantação da república foi extinta e os seus bens foram expropriados, assim como as instituições nela sediadas, (irmandades, confrarias, capelas) e vendidos em leilão, tanto móveis como imóveis.
Este ataque ao poder religioso e ao seu património tem causas concretas. Uma delas será o facto de a igreja ser efectivamente uma grande proprietária e beneficiária de elevados rendimentos, provenientes de impostos obrigatórios, (côngrua, laudémio), mais as rendas das propriedades, (casas, vinhas, salinas, moinhos), e respectivos dízimos, incluindo as doações, algumas seculares. Matéria que chega para um doutoramento…  é só estudar.

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